O espanhol Delio Fernandez (AP Hotels-Tavira) venceu a quinta etapa e rainha da 84.ª edição da Volta a Portugal, esta segunda-feira, com chegada à Torre, na Serra da Estrela, e conquistou a camisola amarela. Fernandez, de 37 anos, cortou a meta, no ponto mais alto de Portugal Continental, 6 segundos de vantagem sobre o suíço Colin Stussi (Vorarlberg) e 19 sobre o compatriota Txomin Juaristi (Euskatel-Euskadi), segundo e terceiro, respetivamente. Atrás destes, Jesus Del Pino (Aviludo-Louletano) e Henrique Casimiro (Efapel), a 33 segundos do vencedor. Desilusão para a favorita Glassdrive-Anicolor, em que o melhor corredor, Frederico Figueiredo, terminou na 9.ª posição, a quase um minuto do vencedor. Delio Fernandez, que venceu a terceira etapa da sua carreira na Volta a Portugal, é o novo líder da classificação geral com 5 segundos de vantagem para Stussi e 10 para Juaristi. O português Henrique Casimiro é o quarto, a 41 segundos. Figueredo, nono, a 1.22 minutos. A etapa arrancou com uma série de ataques sucessivos para formar a fuga, mas só aos 18 quilómetros a ação coordenada de Rafael Silva (Efapel), Afonso Silva (Kelly), Diogo Barbosa (AP Hotels-Tavira), Tomas Contte (Aviludo-Louletano) e do camisola amarela João Matias (Tavfer-Mortágua) permitiu a consolidação da aventura do dia, com a realce para a inclusão do líder da classificação geral. Ao lançar Matias em fuga, a equipa de Mortágua demitia-se desde logo da responsabilidade e do esforço de comandar o pelotão nesta etapa em que era certa a perda da amarela. Uma decisão que, certamente, sem sequer seria necessária, tal a rapidez, ímpeto e autoridade com que a Glassdrive-Anicolor se impôs à frente do grande grupo, antecipando a estratégia de desgaste dos adversários diretos, os potenciais candidatos à vitória na etapa - e na Volta a Portugal. Em consequência do ritmo imposto pela equipa dirigida por Ruben Pereira, assumindo o favoritismo que se reconhece e com destaque para o esforço de Fábio Costa e Luís Mendonça, a fuga não ganhou grande vantagem, mantendo-se entre os dois e os três minutos ao longo da etapa e reduzindo-se paulatinamente à medida em que a corrida se aproximava da Covilhã e do início da subida final. De resto, nem aí chegou: a menos de 10 quilómetros da cidade o pelotão voltou a rolar compacto. Contudo, à entrada da primeira parte da ascensão, ainda antes do célebre empedrado da Praça do Município, que simboliza o início da subida à Torre, foi a equipa Tavfer que impôs o andamento para lançar o venezuelano Leangel Linarez para a meta volante aí instalada, onde o vencedor de duas etapas e ex-camisola amarela somou pontos para recuperar a camisola laranja. E às primeiras rampas, notícias relevantes, e na Glassdrive, embora antagónicas: quase em simultâneo do ataque do australiano James Whelan, o vencedor da Volta a Portugal de 2022 perdia o contacto com o grupo principal. Tão cedo! O despedia-se, cedo, da revalidação do cetro. Whelan abriu as hostilidades e os companheiros de equipa Frederico Figueiredo e o russo Arten Nych seguiram-se-lhe, juntando-se ao parceiro em trio, ao qual os rivais diretos, apenas com muito esforço, se conseguiram juntar. Apesar da aparente superioridade da Glassdrive, seguiu-se um impasse na corrida, mantendo-a aberta na fase inicial da subida, até ao terrível setor do antigo sanatório e da Varanda dos Carqueijais, onde se mantinha à frente um grupo com uma dúzia de corredores. Apesar de Frederico Figueiredo ter tido algumas iniciativas para tomar o pulso dos adversários, quatro deles, todos estrangeiros - Mikel Iturria (Euskatel), Camilo Ardilla (Burgos-BH), Delio Fernandez (AP Hotels-Tavira) e Yesid Pira (Caja Rural) - não vacilavam na sua roda à passagem pelo planalto que antecede as Penhas da Saúde, e nesta aldeia, o quinteto, sem coordenação, foi alcançado por um grupo de perseguidores em número igual. Corrida ainda mais indefinida, e emocionante. A antecipada hegemonia da Glassdrive não se confirmou na primeira abordagem montanhosa. Após a descida dos Piornos, com a entrada da fase final da subida (últimos 6 km), destacou-se um quarteto – Delio Fernandez (Tavira), Jesus del Pino (Aviludo), Colin Stussi (Vorarlberg) e Txomin Juaristi (Euskatel) – perante a passividade dos restantes, a marcarem-se uns aos outros, mas a maioria… Frederico Figueiredo. Enfim, logo a seguir ao túnel, o agora único líder da Glassdrive, Frederico Figueiredo, segundo classificado da Volta do ano transato, assumiu a liderança do segundo grupo, tentando alcançar os homens da frente que, entretanto, tinham cavado uma vantagem de quase 1 minuto. Entre estes últimos, a dois quilómetros da Torre perde o contacto Del Pino, reduzindo-os a trio. Mas nem este resistiu mais tempo, à força do ataque do espanhol Delio Fernandez, distanciado-se cerca de 50 metros. Quando no grupo de trás, arranca Henrique Casimiro (Efapel) e o colombiano Ardilla. Indiferente a todas as movimentações, Delio Fernandez partiu, isolado, para a vitória na etapa e para a conquista da camisola amarela. Na terça-feira disputa-se a 6.ª etapa, entre Penamacor e Guarda, na distância de 168,5 km. Classificações: