Volta a Portugal Carvalho de rija cepa já aponta a segundo pódio de rajada
Terceiro classificado na 7.ª Etapa da Volta, que ligou esta quinta-feira Torre de Moncorvo ao alto do Larouco (Montalegre), numa extensão de 162,6 km, António Carvalho (ABTF-Feirense), que foi… terceiro na pretérita edição da ‘Grandíssima’, já só pensa em igualar esse desiderato após trepar até ao sexto lugar da classificação geral, e segundo melhor português, só atrás de Henrique Casimiro (Efapel).
«Para ser sincero, o que sucedeu nesta etapa não era o que tínhamos previsto. Queríamos passar em Torneiros com o maior número de elementos possível: por isso o Pedro Andrade entrou, também, no grupo que andou em fuga. Fui buscar água e alimento ao carro, para evitar um desgaste que pode pagar-se caro na Volta. O Pedro e o Afonso Eulálio foram cruciais nesse trabalho, e depois, na parte final, foi aproveitar o trabalho da equipa da GlassDrive», recordou António Carvalho sobre o protagonismo da equipa ABTF-Feirense na etapa.
«Quando sentimos um pouco da fraqueza do Artem Nych [anterior camisola amarela], tentámos aproveitar e perceber como estavam as forças dos adversários. Conseguimos ganhar tempo tanto ao Artem como ao corredor da Euskaltel. Acabei por perder seis segundos para o novo líder [Colin Stussi] e dois para o [Luis Ángel] Mate, que é sempre importante», recordou o terceiro classificado da Volta-2022, valorizando nestes rivais potenciais grandes candidatos a discutir a vitória final no domingo, em Viana do Castelo.
«Cada vez me convenço mais que são candidatos, sim. Para ser sincero, não estava à espera deste corredor que é o líder agora [Colin Stussi] estar tão forte. Veremos como se vai defender não só sexta-feira, mas em especial sábado, no dia da etapa que acaba na Senhora da Graça. Acho que ao Maté posso ganhar tempo no contrarrelógio final de Viana do Castelo, mas, agora, ganhar 1m06s ao suíço… vai ser difícil», admitiu um dos três únicos portugueses no ‘top 10’, juntamente com Henrique Casimiro (Efapel, quinto classificado) e Frederico Figueiredo (GlassDrive-Q8-Anicolor), sétimo da geral… e segundo na Volta-2022
«Mas vou fazer tudo para isso [vitória na Volta] e esperar que as pernas também me ajudem, porque uma coisa é querer, a outra é poder. Vamos dia a dia. Tenho um ‘braço-direito como o [Afonso] Eulálio que é incansável. Fiz a subida toda a gerir pelo posicionamento do vento, o Eulálio trouxe-me nas melhores condições até aqui à chegada. Pensei que poderia vencer, mas houve dois corredores mais fortes, e há que dar-lhes os parabéns», recordou o terceiro classificado na tirada que acabou lá no alto, a mais de 1500 metros de altitude, no Larouco (Montalegre), esta quinta-feira.
A afirmação como candidato à vitória de António Carvalho tardava, mas, com a importância que sempre dá à tirada que termina no alto do Monte Farinha, a Senhora da Graça (sábado), já não há como escapar que é legítimo ir mais além do que o ‘bronze’, como na pretérita edição da prova, e apontar a lugares mais acima no pódio final.
«É uma etapa muito importante para mim: já venci duas vezes na Senhora da Graça, sim. Mas não há anos iguais. Acredito que irei estar bem lá, pois, por norma e tradição, venho sempre do menos para o mais na Volta. Esta etapa do Larouco e este dia era um dos que, admito, encarava com muito, muito receio, por ser o dia a seguir ao descanso, mas as pernas ajudaram e acabei por ganhar tempo ao Artem Nych», regozijou-se o corredor do Feirense.
«Não vou mentir: arranquei para a etapa a pensar que minuto e meio de diferença para ele era muito para eu ainda conseguir vencer a Volta, pois não poderia chegar a esta distância dele para o contrarrelógio final. Fiz questão de ir treinar na ‘cabra’ [bicicleta própria de ‘crono], pois acredito que tenho andamento para o contrarrelógio e que posso fazer um lugar no pódio, o que já seria muito bom para mim. Vamos ver o que as pernas me deixem fazer, espero que me levem a um bom lugar na classificação geral», é o objetivo que agora traçou.
Quanto a, após ter sido terceiro em 2022, dever aspirar a mais nesta 84.ª edição da Volta, o corredor português de 33 anos vai com calma.
«Se novo terceiro lugar saberá a pouco e já olho mais para cima? Neste momento, não. Olho para o quinto lugar… porque estou em sexto e não se pode querer dar um passo maior do que a perna. Tenho ainda de ganhar tempo a cinco corredores, que estão à minha frente. Não é fácil, mas no dia antes tinha de fazer melhor do que seis. Vamos dia a dia, esperar que os adversários também possam ter as suas quebras, e não vou mentir que será algo extremamente difícil vencer a Volta, mas, atendendo a tudo, repito, um lugar no pódio já será um bom resultado», concluiu António Carvalho.