Cândido Barbosa candidato à federação de ciclismo: «Doping existe em todo o desporto»
Ex-corredor de 49 anos formaliza candidatura à presidência da federação, prometendo reforçar a luta antidoping:«É preciso, de uma vez por todas, sem medo, comunicar à sociedade que o doping existe em todo o desporto», afirma
Na apresentação oficial da candidatura à presidência da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), ontem, Cândido Barbosa afirmou que «o doping não pode ser um tema da modalidade» e que «é preciso, de uma vez por todas, sem medo, comunicar à sociedade que o doping existe em todo o desporto».
O ex-corredor profissional, de 49 anos, admite que o recurso a substâncias ilícitas para melhorar o desempenho desportivo, «se calhar, torna-se mais apelativo no ciclismo, por ser uma modalidade mais dura», mas ressalva que «o ciclismo é, provavelmente, é a modalidade pioneira na luta contra o doping e a que mais testes faz por atleta».
Cândido Barbosa candidata-se à sucessão de Delmino Pereira na liderança da FPC comprometendo-se em «educar os ciclistas sobre os perigos da dopagem, divulgar as informações sobre casos de doping e aplicar punições consistentes, trabalhar em conjunto com as agências antidopagem para compartilhar recursos e informações e garantir a revalidação do atual protocolo com a Autoridade Antidopagem de Portugal, que estende o passaporte biológico à totalidade dos corredores das equipas continentais».
No auditório do Centro de Alto Rendimento do Jamor, em Oeiras, um dos principais corredores portugueses de 1995 a 2010 disse que a sua candidatura «agrega o passado e o presente do ciclismo em todas as suas vertentes» e que é «lançada pelo amor incondicional ao ciclismo e pela vontade de elevar esta modalidade para os patamares que todos desejamos».
Cândido Barbosa assume que o ciclismo lhe deu «quase tudo» e que «chegou a hora de retribuir e colocar ao serviço desta modalidade» tudo o que aprendeu ao longo destes anos.
«Volta a Portugal é assunto sério»
Vencedor de 25 etapas e duas vezes segundo da classificação geral da Volta a Portugal, Cândido Barbosa garante que a prova mais tradicional do ciclismo português é, para si, enquanto candidato à presidência da FPC, «um assunto sério». «Cresci dentro desta Volta e tenho a preocupação que se mantenha cada vez mais forte», afirmou, anunciando depois que pretende estudar os moldes em que será realizado o próximo contrato com a organização do evento. «Será uma coisa que terá de estar em cima da mesa, porque falta um ano e meio ou dois para se revalidar».
Barbosa propõe-se a reforçar e atualizar o código de ética no ciclismo, a reorganizar os calendários desportivos a fim de evitar sobreposições das várias vertentes, a planear um calendário a quatro anos com todos os técnicos das equipas dos convocados para as seleções, ou a criar um gabinete de apoio e uma linha direta para as associações regionais, que serão chamadas a participar nos processos de decisão da FPC.
Na aérea da formação, o candidato, até agora único à presidência daquele organismo desportivo, quer estimular a criação de academias de ciclismo em parceria com autarquias e clubes locais, apostar na internacionalização e apoiar financeiramente equipas de formação para a sua participação em competições internacionais.
Se, como espera, vencer estas eleições, Cândido Barbosa compromete-se a «total dedicação à federação» e a cumprir a por si anunciada «venda, durante o próximo verão», da sua empresa de organização de eventos desportivos, «de modo que ninguém coloque em causa a transparência deste processo» eleitoral.