Simone Biles, 26 anos, voltou a competir depois de suspender a carreira, após os Jogos Olímpicos 2020, que se realizaram em Tóquio em 2021. E o regresso da ginasta que mais medalhas conquistou pelos Estados Unidos foi triunfante - venceu no fim de semana o US Classic de Chicago e qualificou-se para os campeonatos nacionais. Mais importante - está a vencer a batalha contra «os demónios» que a fizeram parar. «Senti-me mesmo bem, especialmente depois de tudo o que aconteceu durante o último ano. Ver toda a gente a apoiar-me, com cartazes… O amor e apoio que recebi no Twitter, no Instagram, no pavilhão foi um choque e uma surpresa. O meu coração aqueceu-se ao ver que ainda acreditam em mim e que sou capaz de fazer o que treinei. Senti-me muito feliz», disse Biles, à CNBC, depois de vencer a competição, grata pelo apoio num pavilhão cheio: «Significa bastante porque depois de tudo o que se passou em Tóquio foi preciso passar por muito. Trabalho bastante sobre mim mesma, ainda faço terapia semanalmente e foi entusiasmante ter vindo aqui com a confiança de antes.» Em Tóquio, Biles desistiu de quatro finais individuais, mas participou na final de trave, conquistando a medalha de bronze. «Tem mais significado que todas as outras de ouro», partilhou a ginasta, que sentia, então, «o peso do mundo nas costas». «Assim que piso o tapete, sou só eu e a minha cabeça a lidar com demónios. Tenho de fazer o que é certo para mim e de me focar na minha saúde mental. Temos de proteger a nossa saúde e o nosso bem-estar e não fazer apenas o que o mundo quer que façamos. Não somos apenas atletas. Somos pessoas e, às vezes, temos de dar um passo atrás», afirmou, para justificar a decisão de cuidar da saúde mental. Biles foi elogiada por confessar a vulnerabilidade e, enquanto suspendeu a carreira, foi uma espécie de embaixadora da defesa da saúde mental dos atletas de alta competição, dedico-se a projetos de apoio a vítimas de assédio sexual - foi uma das vítimas do médico da seleção da equipa de ginástica artística, Larry Nassar, entretanto condenado de facto a prisão perpétua - e a crianças em risco. Em 2022, recebeu de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, a Medalha Presidencial da Liberdade, maior honra atribuída a um civil. «Não sei como vais arranjar espaço para mais uma medalha», brincou Biden, em referência às 32 que já conquistou em Jogos Olímpicos e Campeonatos do Mundo. Em Chicago, Biles venceu o all-around com 59.100 pontos. Obteve 14,0 em paralelas assimétricas, 14,8 na trave, 14,9 no solo e 15,4 no salto, melhor desempenho, no qual executou o Yurchenko com duplo mortal encarpado. Qualificada para os nacionais, que se realizam São José, Califórnia, entre 24 e 27 de agosto, Biles não garantiu a participação, prometendo apenas «abraçar o que aconteceu [no US Classic] e ser feliz».