Fernando Tavares, vice-presidente do Benfica, define entre «fantástica e positiva» a temporada finda das modalidades do clube, em que as diversas equipas conquistaram 23 títulos nas cinco principais modalidades de pavilhão e ainda três títulos no futebol feminino. O dirigente começou por considerar o «ano fantástico», ressalvando que a direção que integra é «insatisfeita por natureza» e pretende «consolidar o trabalho que tem sido feito.» Em entrevista ao canal de televisão do clube encarnado, após declaração forte de abertura, Fernando Tavares faz um «balanço positivo desta temporada», cuja apreciação impõe «um recuo na linha do tempo». «Depois da COVID-19, altura em que tomei a responsabilidade das modalidades de pavilhão, tínhamos equipas desconstruídas, e um nível de desinvestimento provocado pelo que a pandemia nos trazia. Há três anos acabámos por ganhar um Campeonato Nacional pela equipa de voleibol, que está num processo de liderança.» «No ano a seguir, fruto do trabalho que estávamos a desenvolver e do investimento feito, acabámos por ganhar dois Campeonatos Nacionais [basquetebol e voleibol] e neste ano vencemos três Campeonatos Nacionais no masculino [basquetebol, hóquei em patins e voleibol].» «O feminino tem sido um espaço de afirmação, onde temos, claramente, uma situação de hegemonia. O que definimos para as modalidades de pavilhão foi um projeto de desenvolvimento que passava por renovar, consolidar e ajustar as equipas, para conseguirmos liderar. Isto é um processo e estamos numa fase de consolidação desse trabalho. E mesmo o voleibol, que está numa hegemonia clara, precisa de ver, sistematicamente, a sua estratégia, o seu plantel e os seus planos ajustados.» HÓQUEI EM PATINS: «HEGEMONIA DIFÍCIL» O hóquei em patins, campeão nacional em seniores masculinos e femininos, foi outra das modalidades destacadas na exortação do dirigente nesta entrevista. «É uma modalidade que, no masculino, não ganhava há muitos anos. Tivemos muito trabalho para contratar Pablo Álvarez, Nil Roca, Roberto Di Benedetto, Pol Manrubia e Bernardo Mendes, que vieram requalificar fortemente a nossa equipa masculina.» «O que tentamos fazer no hóquei em patins – que é algo que estamos a tentar replicar em todas as modalidades – é pensar o curto prazo, mas também pensar qual é a geração de jogadores que pode garantir o futuro ao Benfica. Temos de ter muita esperança em relação ao presente e ao futuro do hóquei em patins.» Fernando Tavares diz que «é muito difícil conseguir a hegemonia» no hóquei em patins, porque o campeonato «é muito competitivo», mas afirma-se «esperançado nesse objetivo». Em relação ao feminino, admite que esse desiderato já não é uma preocupação… «Existiu uma consolidação plena da liderança tanto das jogadoras como da equipa. Só temos de ter orgulho por tudo aquilo que a Marlene Sousa e as suas companheiras de competição têm feito ao longo dos anos, ao qual se junta o trabalho do João Rodrigues e do Paulo Almeida.» «AMBIÇÃO EUROPEIA, SIM» Quanto a ambições europeus, o vice-presidente distingue-as por patamares. «Temos o do futsal e do hóquei em patins, em que o investimento é suficiente para lutar por títulos a nível nacional e europeu. No basquetebol, no voleibol e no andebol são realidades diferentes. Mas, mesmo aí, demos um salto grande. No basquetebol através da entrada na BCL [Liga dos Campeões de Basquetebol], no voleibol através da Champions. No andebol estamos a renovar a equipa, mas não nos podemos esquecer que o estamos a fazer em cima, quiçá, do maior feito da história das modalidades, que foi a vitória na EHF European League [2021/22]». «A resposta é 'sim', palco europeu 'sim'. Sabemos que vai ser mais difícil no basquetebol, no voleibol e no andebol, porque há investimentos, a nível europeu, enormíssimos, mas a nossa aposta continua também pela afirmação europeia.» FUTEBOL FEMININO: «ORGULHO» Fernando Tavares fala em «cinco anos de trabalho, de orgulho e de desenvolvimento da futebolista portuguesa». «Conquistámos 10 troféus desde o início do projeto e isso é fruto de um trabalho fantástico desenvolvido por treinadores, atletas e staff. Foi, também, um ano marcado por saídas importantes, como as da Ana Vitória e da Cloé Lacasse. Vão deixar imensa saudade, mas isso faz parte da vida». «Temos feito uma corrida solitária. Não podemos desprezar o trabalho de todos os clubes, que fazem um trabalho extraordinário com os meios que têm ao seu alcance, e o esforço da Federação Portuguesa de Futebol. Mas este ainda é insuficiente. O contexto competitivo nacional tem de mudar porque, se isso não acontecer, é difícil reter ou recrutar jogadoras como a Ana Vitória ou a Cloé Lacasse». «Queremos o reconhecimento do trabalho e que outros nos possam acompanhar pelo exemplo. O país desportivo tem receio de dar mérito ao Benfica, mas, a nós, agrada-nos o facto de termos mais equipas portuguesas a competir no espaço europeu por termos melhorado o ranking.» RUI COSTA: APOIO INDISPENSÁVEL «Sem o apoio do presidente Rui Costa não era possível fazer o trabalho que estamos a fazer. É verdade que fizemos um grande investimento nas modalidades. Neste momento, somos capazes, do ponto de vista do clube, de ter mais equilíbrio entre a vertente desportiva e a financeira, quando comparado com o passado». «A presença assídua do presidente nos pavilhões e o acompanhamento às equipas tem sido determinante. Temos muita esperança na próxima época desportiva», exortou Tavares. «No masculino, queremos continuar a ganhar no voleibol, no hóquei em patins e no basquetebol, e, tentar um quarto campeonato. No feminino, a nossa expectativa é ganhar quatro campeonatos. Vamos lutar por ganhar 10 em 10. Esse será o espírito de todas as equipas, todos os atletas e todos os treinadores.», conclui o dirigente benfiquista.