Volta a Portugal A Volta mais competitiva dos últimos anos
Inicia-se esta quinta-feira, com mais uma etapa de montanha, entre Torre de Moncorvo e a Serra do Larouco (Montalegre), a segunda e decisiva fase da 84.ª Volta a Portugal. Jornada propícia a (mais) alterações na muito volúvel classificação geral desta edição da prova, após o dia de descanso, ontem, que serviu para os corredores retemperarem forças e os diretores desportivos (re)pensarem estratégias para as derradeiras quatro etapas que definirão quem vestirá a mais desejada camisola amarela, a última, no próximo domingo em Viana do Castelo.
Após o prólogo e seis etapas, quatro discutidas em pelotão sem causarem diferenças entre os homens da geral e as últimas duas na Serra da Estrela (Torre e Guarda), mais abertas e competitivas do que se anteviam, o russo Artem Nych lidera e perfila-se como o principal candidato a vencer a Volta. O corredor, de 28 anos, da Glassdrive-Q8-Anicolor, é bom trepador e competente contrarrelogista, e nesta temporada de estreia no ciclismo português venceu o Grande Prémio das Beiras e foi segundo no Troféu Joaquim Agostinho atrás de Maurício Moreira, vencedor da Volta em 2022 e o maior derrotado na deste ano.
«Vamos lutar para vencer a geral, mas a concorrência é muito forte e tem o mesmo objetivo. O contrarrelógio deverá ser decisivo, gostei do percurso, desenvolverei bons andamentos» afirmou Nych a A BOLA.
A concorrência a que o natural de Kemerovo se refere é a mais numerosa e dispersa por equipas das edições mais recentes da Volta, começando pelo espanhol Delio Fernández (AP Hotels-Tavira), vencedor na Torre e camisola amarela desapossado na etapa seguinte na Guarda. O veterano corredor, experiente na corrida lusa, é o segundo da geral, a 27 segundos de Nych, não tem a seu favor o contrarrelógio final - apesar de incluir uma subida exigente -, nem equipa forte que o apoie, mas demonstrou estar em forma e ser capaz de resolver as coisas… sozinho.
Na terceira e quarta posições, a 30 e a 37 segundos de Nych, respetivamente, o suíço Colin Stussi (Vorarlberg) e o basco Txomin Juaristi (Euskatel) têm sido revelações positivas na Volta, principalmente o espanhol. Por ser mais completo, na montanha e contrarrelógio, e dispor de equipa consistente (que lidera sobre a Glassdrive), o espanhol poderá ter uma palavra importante no desfecho da corrida.
Acima de um minuto de desvantagem para o camisola amarela, estão três portugueses que ainda podem suceder ao uruguaio Mauricio Moreira. Henrique Casimiro (Efapel, a 1.08 m) tem estado bastante regular na montanha, tal como António Carvalho (ABTF-Feirense, a 1.30 m), corredor muito completo que tem na cronoescalada para Santa Luzia a oportunidade de uma carreira, embora antes deva ter de reduzir, no Larouco e/ou na Sra. da Graça, o atraso para Artem Nych, e ainda Frederico Figueiredo (Glassdrive), que apesar da distância para o colega (1.49 m) poderá beneficiar de eventual falha deste nas etapas de montanha ou vir a ser uma cartada, a partir de agora com fator-surpresa, da sua formação para fazer xeque-mate.