Surf A Caparica do tudo ou nada
O Caparica Surf Fest 2023, 3 a 8 de abril, última etapa do circuito regional europeu de qualificação (Qualifying Series) é decisivo nas contas de acesso ao Challenger Series 2023 (CS), antecâmara do Championship Tour (CT), prova de elite da Liga Mundial de Surf (WSL).
Yolanda Hopkins, campeã europeia e líder do ranking do QS e Francisca Veselko, 3.ª e cuja vaga para o CS ficou assegurada por via do título mundial júnior, abrindo mais um lugar, apresentam-se em modo de 'treino' a preparem o início de temporada do CS, em maio, na Austrália.
Carolina Mendes, 4.ª classificada, dentro do top-4 de vagas (mais wildcard) para a competição feminina, tem, na praia do Paraíso, a última chamada para o circuito onde mora Teresa Bonvalot, primeira suplente do CT. A prova no feminino, pontuável em 1000 pontos - entra na equação final os quatro melhores resultados nas 5 etapas (não se realiza a paragem prevista para os Açores) -, deixa a surfista portuguesa (4,248 pts) com um pé dentro da qualificação.
Na competição masculina (QS 3000), sete surfistas franceses ocupam os sete primeiros lugares do ranking (11 em 15) que garantem o apuramento direto (mais wildcard). A correr por fora, Guilherme Ribeiro, campeão nacional, melhor português (16.º) respira confiança no apuramento. «As contas não estão assim tão difíceis. É o tudo ou nada e estou a preparar-me como nunca preparei, física e mentalmente. É matematicamente possível chegar lá e quero mostrar que consigo chegar lá», disse a A BOLA, Gui Ribeiro. Local da Caparica, afasta a pressão de competir numa onda e num ambiente familiar. «Procurei manter a rotina, estou muito com a família e amigos e essa bolha à minha volta dá-me um conforto e uma motivação extra. Gosto da pressão, que não é pressão, de ter essa bolha do meu lado», disparou, esperando juntar-se a Frederico Morais no CS.
Kikas, ex-CT, entra na Costa da Caparica em jeito de treino para a temporada no CS, circuito onde procurará regressar à elite. Fora de competição, apresentou um projeto pessoal, o 'Legasea Tour', a decorrer à margem do evento principal.
O projeto do Kikas para além da competição
«É um projeto para dar algo de volta ao surf e inspirar os mais jovens e que os lhes dê algo de valor», explicou Frederico Morais ao apresentar o Legasea Tour presented by MEO, de 7 a 8 de abril. «Tentar inspirar, passar a mensagem e incluir os pais para a dificuldade de ser surfista. Não basta ser treinador de bancada, é, por vezes, necessário um ombro amigo quando estamos em baixos», acrescentou em conversa com os jornalistas após a conferência de imprensa do Caparica Surf Fest, no Caparica Sun Center.
«É um projeto que me enche o coração. Às vezes não fazemos tudo pelos resultados, mas também pelo que deixamos aos mais novos. E às vezes é o que conta na minha carreira, na marca que vou deixar, e se conseguir deixar isso aos mais novos e ajudar na carreira deles já é uma vitória», disse. «Começamos na competição muito novos, ganhar, perder, ganhar, perder ir à praia, surfar 20 minutos, perder e ir para casa. Aos 12, 13 e 14 anos não é isso que faz sentido. Ter as mesmas oportunidades, ter boas bases para aos 16, 17 anos fazer a diferença entre os restantes atletas e em competição. Vejo isso noutros desportos e ainda não no surf», finalizou.