A atravessar um período conturbado na sua história - com uma situação financeira delicada, a sua equipa sénior obrigada a reiniciar o percurso desportivo na 2.ª divisão distrital da AF Setúbal e com direção demissionária, o Vitória de Setúbal realizou uma assembleia-geral importante para o seu futuro imediato e a longo prazo visto na qual aprovou, em votação em urna, a aprovação da venda de património do clube, nomeadamente os terrenos relativos aos topos do Estádio do Bonfim. A decisão, conhecida já durante a madrugada desta terça-feira foi ditada por 179 votos a favor perante 36 votos contra, e marcou a ordem de trabalhos tal como o adiamento das eleições para a liderança do clube. A possível alienação de património e o ato eleitoral adiado para data a definir foram abordados por Fernando Belo, associado que chegou a mostrar intenção de se candidatar à presidência do Vitória que tem sido conduzido por uma comissão de gestão. «O anterior investidor da SAD (ndr: Hugo Pinto) tem o direito de, pelo menos, impugnar qualquer projeto de venda ou aluguer de longa duração. Nós gostaríamos de perceber porquê. Nem a direção anterior explicou, nem a comissão de gestão e nessa comissão há, pelo menos, uma pessoa – creio até que haja mais – que sabe exatamente o que se passa e têm a obrigação de divulgar aos sócios», acrescentou o empresário setubalense que vincou que esse poder ao alcance de Hugo Pinto leva a que tenha suspendido a sua candidatura. Fernando Belo assegura que apenas retomará a sua candidatura quando tudo for esclarecido. Desta forma, o clube sadino continua sem candidatos anunciados pela sua liderança e em impasse diretivo, até porque outro dos nomes apontados como putativo candidato, Pedro Palma Ferro, empresário atualmente radicado no Dubai e antigo dirigente que é também associado do Vitória de Setúbal – é, de resto, bisneto de Manuel Maria Salgado, figura de renome na cidade de Setúbal e conhecido vitoriano – , contactado por A BOLA, afastou de forma veemente a possibilidade de se candidatar ao cargo. Palma Ferro explicou o porquê de não prever envolver qualquer investimento no clube do Sado. «Infelizmente o Vitória não tem uma solução à vista», lamentou Palma Ferro, com desilusão, acrescentando que, apesar de poder vir a ser do seu interesse poder contribuir para a entrada de investidores árabes no futebol português, tal não irá acontecer, certamente, no clube setubalense. «As narrativas têm de ser coerentes e os negócios têm de ser planeados a médio e principalmente a longo prazo, a nível desportivo mas principalmente a nível financeiro. «É, aliás, essa a razão para não avançar para o Vitória, custa-me usar a palavra, mas seria uma autêntica mentira. Não existiria um projecto a longo prazo; existiria, isso sim, um problema», considerou, por fim, o jovem empresário, sem rodeios.
