«O que se passa atualmente no FC Porto é o medo da coação e agressão»
André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto (IMAGO / ABACAPRESS)
Foto: IMAGO

«O que se passa atualmente no FC Porto é o medo da coação e agressão»

NACIONAL21.03.202407:05

Villas-Boas confrontado sobre a abertura que as casas do FC Porto têm mostrado para o receber. Candidato à presidência dos dragões comentou ainda a detenção de Fernando Madureira e outros adeptos associados à violência na Assembleia-Geral

André Villas-Boas comentou se a detenção de Fernando Madureira e outros adeptos associados à violência na Assembleia-Geral do FC Porto na Operação Pretoriano trouxe serenidade às eleições dos dragões ou serviu para aumentar a instabilidade.

«É uma pergunta um pouco injusta porque os atos têm que ser provados. Prefiro voltar à assembleia geral em si e ao que aconteceu a 13 de Novembro. O que aconteceu foi muito grave. Grave em todos os sentidos, na sua organização, ou na falta dela, na indiferença de todos os órgãos sociais relativamente ao que se estava a passar, na falta de explicações aos sócios relativamente ao que aconteceu, na inação por parte do conselho fiscal e disciplinar após os acontecimentos e o que me parece que está a acontecer agora é uma corrida atrás do tempo tendo em conta o acto eleitoral. Vemos um conselho fiscal e disciplinar a chamar pessoas que prestaram testemunho na Operação Pretoriano, quando todas as imagens que nós observamos foram claras e evidentes relativamente a alguns indivíduos e à ação que estavam a tomar», apontou, em entrevista ao Público e à Renascença.

André Villas-Boas já afirmou que é necessário repensar o protocolo que os azuis e brancos têm com as claques.

«A questão aqui prende-se mais, sobretudo relativamente aos grupos organizados de adeptos, com os não sócios. Algumas das pessoas que frequentam os grupos organizados de adeptos, tanto o Colectivo 95 como os Super Dragões, não são sócios e encontram-se às vezes em posições privilegiadas de acesso a bilhetes. Tudo isso é para reformatar, reorganizar. Os grupos organizados de adeptos não podem ter mais privilégios do que os sócios do FC Porto. E os não sócios dos grupos organizados de adeptos não podem ter mais privilégios que as pessoas que são do público em geral que querem ter acesso a bilhetes. Portanto, todos estes protocolos são para reformatar. A parte da bilhética é onde tem existido um número elevado de queixas, seja por parte dos associados, seja por parte das casas do FC Porto, que se encontraram estranguladas ano após ano relativamente à bilhética. Eu posso dizê-lo aqui, a administração do FC Porto pode desmentir com mais um comunicado, basta que vocês perguntem às casas do clube ou associados que encontram facilmente a verdade», atirou.

Os muros da casa do candidato às presidência do FC Porto foram pintados em mais do que uma ocasião e o zelador do condomínio foi agredido: «Foi-me atribuída segurança e proteção pessoal, por parte do Ministério Público e do SIS [Serviço de Informações de Segurança]. São as realidades com as quais eu levo o meu dia-a-dia. Quero, como toda a gente, a minha família protegida. Sinto-me protegido e acompanhado. Tenho também segurança privada que faz a proteção da minha casa dentro do seu perímetro, como deve ser. Nesse dia, infelizmente, antes de eu tomar essas decisões, estava o meu zelador noturno e acabaram por acontecer esses episódios tristes. Estão sob investigação, fazem parte do passado. Reformatámos a nossa vida pessoal relativamente a estas questões, não voltaram a acontecer e seguimos o nosso rumo. Não é isso que nos vai afetar.»

Villas-Boas foi ainda confrontado sobre a abertura que as casas do FC Porto têm mostrado para o receber.

«Quando projetámos este calendário foi no sentido de visitas às localidades e não às casas do FC Porto. Porque, como pode facilmente perceber, eu recebo muita informação privada por parte de vários associados e muitas casas. Infelizmente, o que se passa atualmente no FC Porto é o medo da coação, da agressão. Há medo de represálias de liberdade de opinião. Estipulámos, em primeiro lugar, visitas informais às casas, onde eu apareci de surpresa nas casas. E deparei-me com pessoas a tomar café. Muito poucas pessoas, mas, evidentemente, num sinal simbólico muito forte», disse.

«Gradualmente, e felizmente, fruto de pessoas com coragem que decidiram abrir as portas – caso da casa do FC Porto de Ponte da Barca e a de Lausanne, sendo as primeiras – as outras perderam o medo. E, ao perder o medo, decidiram abrir as portas também às outras candidaturas, como num bom ato democrático deve ser. Portanto, o que nós projetávamos ser visitas às localidades, marcando auditórios, salas de reuniões ou salas de hotel para estar em contacto com os sócios do FC Porto que apoiam esta candidatura, ou outros que queiram conhecer esta candidatura, passámos finalmente a ser recebidos pelas casas. E temos agora um número sem fim de pedidos relativamente à nossa visita, o que é muito bom», completou.