O técnico do Man. City, Pep Guardiola, enfatizou esta terça-feira a derrota (0-1) na final da Champions ante o Chelsea, no Estádio do Dragão (Porto), para enfatizar a magia dos dias antes da final da prova, sábado, em Istambul (Turquia), diante do Inter de Milão, para os tricampeões ingleses, nos quais pontificam Rúben Dias e Bernardo Silva. «Há dois anos, estivemos lá, dois anos depois estamos de volta [à final]. O importante é estar lá daqui a alguns anos. É isso que faz de um clube um grande clube. Aqui aprendi que o excesso de emoção não é para nós. Vamos a Istambul para realizar um sonho e vamos tentar fazer um bom jogo», sublinhou o técnico catalão dos ‘citizens’, que ainda não digeriu bem o desaire ante os ‘blues’ londrinos em 2021. «Tivemos a oportunidade há dois anos, não conseguimos. Este ano, chegámos lá e vamos tentar dar o nosso melhor. Vamos abordar este jogo como sempre fazemos na Premier League. É garantir que os jogadores estão focados no que têm de fazer, nada mais. Como treinador, cheguei a dez meias-finais da Champions e joguei três finais, ganhando duas com o Barcelona. Estou na minha quarta final como técnico. A Champions já me deu mais do que alguma vez poderia imaginar. Se a minha vida acabasse hoje, teria ganho uma como jogador do clube que amo muito [Barcelona] e duas como treinador», recordou o antigo médio do Barça e técnico dos ‘citizens’ desde 2016. «O futebol dá e tira. A vida está cheia de injustiças, mas tudo o que é injusto para mim é certo para o Atlético de Madrid, para o Real Madrid e também para o Barcelona. É assim que o Mundo vai. Queremos sempre mais e mais… e isso é errado. É preciso ser ambicioso… mas não ganancioso! A Champions proporcionou-me momentos muito tristes, que me magoaram, que ficarão para sempre na minha mente, mas também momentos bonitos, que ficarão para sempre comigo. É assim que a vida funciona, e o desporto também», recordou Guardiola, numa longa revisitação da sua própria carreira, à La Gazzetta dello Sport, por ocasião do Media Open Day dos ‘citizens’, esta terça-feira, abrindo o seu coração. «Muitos clubes destruíram projetos e ideias porque não conseguiram ganhar a Champions. Outros, tornaram-se grandes clubes porque conseguiram. Mesmo que eu não pense assim, entendo que tudo o que fizemos ao longo de todos esses anos, que foi ótimo, só fará sentido para os outros se vencermos. Se não ganharmos, as coisas vão parecer ter menos sentido: será um pouco injusto, mas temos de aceitar. Temos, também, de aceitar que, se queremos dar um passo definitivo e ser um grande clube, temos de ganhar na Europa. Temos de ganhar a Liga dos Campeões! Não podemos evitá-la», disse Pep. «Mas o mais importante é estar sempre lá. Repito: há dois anos, estivemos lá, passados dois anos estamos lá de novo. Vamos tentar de novo e o mais importante é estar aqui novamente dentro de alguns anos. É isso que faz de um clube… um grande clube: ano após ano, chegas às últimas fases da Liga dos Campeões e talvez até ganhas o título», sustentou, cum uma crueldade pragmática na fria análise. «No desporto, o fracasso não existe. Admitir que falhaste é como dizeres que o adversário não vale nada: não pode ser porque jogaram melhor? Só tens é de tentar, no desporto é assim. Tentar novamente, levantar-se novamente. Quando ganhas, deves comemorar adequadamente e em particular; quando perdes, podes chorar um pouco e voltar no dia seguinte. O desporto é isto: se tentares, não falhas», foi a lição que deixou um dos mais ganhadores técnicos da história do futebol no ativo.