Reunido esta quinta-feira em Paris, o Conselho de Estado (CE) francês – órgão supremo do país para decidir contenciosos administrativos - validou a proibição de as futebolistas usarem o véu islâmico (‘hijab’) na cabeça durante as provas, dando provimento legal à medida instituída pela Federação Francesa de Futebol (FFF), sob o argumento de caber aos organizadores estipularem regras para os eventos, por forma. Considera o CE que as federações desportivas «são responsáveis pelo bom funcionamento das competições que organizam e podem impor aos seus jogadores uma obrigação de neutralidade no que diz respeito ao vestuário, de forma a garantir o bom funcionamento das provas e a prevenir eventuais confrontos», lê-se no comunicado do organismo. A proibição de as jogadoras usarem o ‘hijab’ foi decretada pela FFF nas suas provas há sete anos (em 2016) e desde então gerava controvérsia e contestação, por não faltar quem defendesse, por motivos religiosos, posição diametralmente oposta. A impossibilidade de utilizarem, durante os jogos, «sinais ou indumentárias que manifestem ostensivamente filiações políticas, filosóficas ou religiosas» foi considerada pelo Conselho de Estado como «adaptada e proporcional», apesar da contestação do movimento feminino ‘Hijabeuses’, composto por professantes do islamismo, que alegavam a decisão tomada pela FIFA em 2014, a autorizar as futebolistas a usar o véu nas provas sob a sua égide. «Consternação» por uma decisão «que abala o secularismo e a liberdade de expressão e mina 30 anos de jurisprudência» foi como a advogada do Hijabeuses, Marion Ogier, reagiu à decisão.
