Union Berlim: Clube do povo combateu o antigo regime da RDA

Union Berlim: Clube do povo combateu o antigo regime da RDA

INTERNACIONAL03.10.202311:00

Queda do muro de Berlim, em 1989, foi sempre um desígnio dos seus adeptos num momento importante da história mundial

Com uma ascensão meteórica nos últimos anos, no panorama do futebol alemão, o Union Berlim tem uma vasta história, desde logo como um clube que combateu sempre o regime da República Democrática Alemã. Com uma estreia na Bundesliga somente em 2019/2020, os últimos anos do clube da capital alemã têm encantado os adeptos do futebol. 

Reza a história que o Union Berlim, visto por muitos como o clube do povo, foi aquele que mais se bateu contra o regime na antiga RDA, com adeptos que chegaram a cantar em jogos de futebol 'O muro vai cair'. Acabou por cair em novembro de 1989. 

A ligação é muito estreita entre o clube e os sócios. As bases não podiam ser mais esclarecedoras. O Union Berlim está registado com o atual nome desde 1966, mas a história faz-nos recuar mais algumas décadas, até quando jovens da localidade de Oberschoneweide fundaram um clube em 1906 e, em 1920, sócios e simpatizantes construíram o campo An der Alten Försterei, que em português se traduz como a casa do velho guarda-florestal. Porque o recinto localizava-se precisamente na floresta de Kopenick. Uma história que atravessou duas guerras Mundiais e resistiu ainda aos efeitos da divisão alemã e da própria cidade de Berlim, em plena Guerra Fria.

O clube chegou a perdeu forças com a Segunda Guerra Mundial. Após os conflitos, passou por diversas mudanças, estruturais e de identidade, até que em 1966 assumiu o nome atual e o equipamento vermelho e branco. Com a divisão da Alemanha e a construção do muro de Berlim, o clube ficou do lado leste, sob domínio soviético. Durante o período da Guerra Fria, o Union viu o seu maior rival na altura, Dynamo Berlim, ser o principal clube da metade oriental da cidade, com o alto patrocínio da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental.

A população, entusiasta ou não do futebol, passou a frequentar jogos e apoiar o Union como sinal de resistência ao rival controlado pelo regime. E o histórico de luta e resistência política nunca mais abandonou o clube, mesmo após a reunificação da Alemanha na década de 1990.