O treinador Luís Castro foi um dos oradores da cimeira Thinking Football este sábado, tendo avaliado o peso que a liga da Arábia Saudita ganhou no panorama do futebol mundial. Ele próprio não resistiu ao chamamento em julho, deixando o Botafogo no Brasil, na liderança confortável, e com projeto consolidado, para assumir o Al Nassr, onde já estava Cristiano Ronaldo. «Senti que no Brasil tinha desempenhado o papel que me tinha levado lá, erguer um Botafogo que tinha vindo da segunda divisão e que precisava que fizessem alguma coisa por ele, dando-lhe visibilidade. Estava feito. Aproveitei a oportunidade numa Liga emergente que se quer posicionar no futebol mundial. Uma Liga que tem Cristiano Ronaldo, Mendy, Mahrez, Milinkovic-Savic, Mitrovic, Otávio, Rúben Neves, Fábio Martins… Não pode continuar a passar despercebida», explicou Luís Castro. O treinador considerou que a chegada de jogadores europeus, ainda em idade de serem bastante competitivos – e sem o estigma de pré-reforma que se sentia há anos na China – está a beneficiar o jogador saudita. «Eu quero crescer para igualar quem está acima em termos de conhecimento, é essa a natureza humana. Os que chegam da Europa têm de ser as referências. Noto um grande crescimento nos jogadores sauditas e não vejo grande decréscimo dos que vêm da Europa. O Brozovic está a fazer os 13,5 quilómetros por jogo que fazia com 40º ou 45º graus», fez notar. Também no painel estava Pedro Emanuel, treinador do Al Khaleej, que destacou a paixão do adepto para lá do forte investimento financeiro dos clubes e do Estado. «Os adeptos são extremamente afáveis. Fui ver um jogo do Al-Ittihad, o rival da nossa cidade, no meio dos adeptos deles, que queriam tirar fotos e estavam contentes por estarmos ali, como se fosse uma coisa perfeitamente normal. Aqui, ainda se vai manter a forma de viver apaixonada que os adeptos têm», contou. O extremo Fábio Martins, que foi para a Arábia Saudita em 2020/21, e está agora no Al Khaleej, fala em «ano zero» para a liga: «Disse várias vezes que, quando vim para cá, não vim sentado num monte de dinheiro. Vim para fazer o meu trabalho, ter a mesma exigência e tentar melhorar todos os dias. Antigamente, as pessoas pensavam que os jogadores vinham para cá para se reformar, mas hoje é diferente. Vimos agora por exemplo o Al Ahli a contratar o Gabri Veiga [ao Celta de Vigo], com 21 anos.»
