Marco van Basten, Ruud Gullit, Frank Rijkaard, muito provavelmente os nomes mais brilhantes da equipa de sonho de Rinus Michels, aguardam, desde 1988, que uma seleção lhes suceda, que o título conquistado à União Soviética — que ainda não se desmembrara — possa ser repetido. Estrelas como Dennis Bergkamp, Van Persie, Seedorf, Davids, Van Nistelrooy ou Marc Overmars passaram, mas a Holanda nunca chegou ao segundo título europeu. Agora, há novas estrelas, talvez um bocadinho mais pequenas, até um nome diferente para o mesmo país, mas o futebol é o mesmo, atacante, apaixonante e contagiante, ao ponto de poder dignar-se a honrar os jogadores do maravilhoso Europeu de 88, vencendo o Euro 2024. Os Países Baixos venceram, sem qualquer ponta de contestação a Roménia. Venceram bem, venceram fácil, venceram naturalmente. E estavam com pressa. Com pressa de confirmar o favoritismo e com pressa de marcar, pelo que Xavi Simons e Gakpo, duas das figuras do seu futebol ofensivo, rapidamente puseram o motor a funcionar, quer disparando, quer perfurando. Depay também procurava constantemente a baliza e foi com essa frente aberta para defender que a Roménia teve de lidar desde o primeiro instante. Numa primeira fase, pareceu confortável, até respondeu à superioridade neerlandesa com disparo perigoso de Man aos 14’, mas ao minuto 20 chegaria o que estava anunciado: Gakpo fez movimento típico, da linha para dentro, contornou a marcação e disparou ao primeiro poste, surpreendendo Nita, que nunca poderia ter deixado a bola passar por ali. A Roménia não reagiu bem. O 2-0 esteve sempre mais próximo do que o 1-1, antes do intervalo e depois do intervalo. E foi ali mesmo, no intervalo, que a Roménia acabou. A tendência da primeira parte, a superioridade neerlandesa, acentuou-se e a história dos segundos 45 minutos é a história dos golos de Malen, um deles verdadeira cortesia de Gakpo, e dos golos falhados por Depay, Simons, Veerman e companhia. Terão estes Países Baixos a ousadia de honrar a Holanda de 1988 por causa do seu selecionador? Porque há esse detalhe: Ronald Koeman fazia parte da constelação de Rinus Michels em 1988. A Roménia despede-se sem algo a lamentar. Nem roçou os quartos de final. Caiu bem.