Roberto Rosetti, diretor de arbitragem da UEFA, deixou esta quarta-feira claro aviso a treinadores e jogadores: o comportamento incorreto perante os árbitros é para ser punido com cartão amarelo e, em casos mais graves, vermelho. Com tolerância zero. Essa é, aliás, a principal instrução que vai passar no seminário para árbitros de elite e de primeira categoria na próxima semana, na Suíça, revelou em conversa com vários órgãos de comunicação social, entre os quais A BOLA, no Mónaco. Nas várias diretrizes que todos os anos são distribuídas para aplicação das leis de jogo, e que indicam as preocupações da UEFA, acima de todas as outras está a que se refere ao comportamento antidesportivo. A principal preocupação, assumiu o italiano, é proteger a imagem do jogo e das competições. «Os jogadores e os treinadores são os heróis dos jovens e não podem manter os comportamentos que têm tido. É tempo de agir, já!» As diretrizes da UEFA vão ser reforçadas no seminário da próxima semana, mas já foram distribuídas pelas 55 federações – incluindo a russa, apesar de suspensa. Foram definidas depois de várias conversas com os líderes da arbitragem dos principais campeonatos europeus, entre os quais o português José Fontelas Gomes, confirmou Rosetti. No que diz respeito ao comportamento de jogadores, as instruções da UEFA são claras: «protestos verbais, desacordo por gestos, correr em direção ao árbitro, rodeá-lo ou mostrar falta de respeito» são infrações puníveis com cartão amarelo, tal como «tentar enganar o árbitro», simulando faltas ou lesões, exagerando ou atrasando o reinício do jogo. «Atitudes abusivas, insultuosas ou ofensivas» para com os juízes devem ser punidas com cartão vermelho. Em relação aos treinadores, a UEFA também quer ver punida com expulsão a linguagem ofensiva para com o árbitro mas também «as ações provocatórias», ou seja, o «comportamento inflamatório». A saída da zona técnica e/ou a entrada em campo, mesmo no intervalo e no final do jogo, para «confrontar o árbitro de forma agressiva ou mostrar falta de respeito» exigem também ações disciplinares. Questionado sobre se teria falado com alguns dos treinadores cujo comportamento tem sido menos controlado nos últimos tempos – foram dados os exemplos de Jurgen Klopp, do Liverpool, e José Mourinho, da Roma -, Rosetti garantiu que não. «Estou a falar convosco [jornalistas] e vocês espalham. E vou falar com os árbitros para agirem. Os treinadores sabem bem como devem comportar-se.» Já quanto à ineficácia dos castigos, não quis pronunciar-se: «Em relação a quantos jogos de suspensão recebem, ou a se podem ficar do lado da bancada a dar instruções, não é o meu papel…» A outra indicação que vai ser passada aos árbitros diz respeito à mão na bola – para lembrar que nem todos os toques são faltas e que «é preciso ter atenção à mecânica do corpo». Fora das indicações estão referências ao tempo útil de jogo – e Zvonimir Boban, diretor de desenvolvimento técnico da UEFA, que acompanhava a conferência, não teve problemas em admitir que considera o aumento das compensações como um exagero. «Com os aumentos que estão a ser feitos, há jogadores que vão fazer mais 500 minutos por época, na prática dá mais 6 ou 7 jogos», alertou. «A Liga dos Campeões teve tempo útil de 60 minutos na época passada. O que queremos é o que tivemos aí, mais intensidade. O que pedimos aos árbitros é para acelerarem os recomeços», confirmou Rosetti, cuja conversa com os jornalistas aconteceu no âmbito do lançamento de uma campanha da UEFA para captar jovens e menos jovens para a arbitragem – entre os alvos estão antigos jogadores, como possibilidade de prosseguirem uma carreira no futebol.