Tudo o que disse Vítor Bruno: os ‘Messis’ do Famalicão, o registo fora de casa e a crise no Sporting
Treinador do FC Porto falou ao de leve sobre a contestação nos leões e disse não ter visto o jogo em Moreira de Cónegos; quadro impõe necessidade de quebrar ciclo negativo fora de casa e vencer um Famalicão com treinador interino; Mundial de clubes? São os craques dos minhotos que mais o preocupam
-Na sua opinião este jogo ganha contornos especiais para o FC Porto perante a possibilidade de alcançar o Sporting no primeiro lugar?
- Olhámos muito para nós, procurámos fazer uma análise profunda daquilo que aconteceu com o Casa Pia, corrigir aquilo que tem de ser corrigido, o que tem de ser potenciado, e olhar para amanhã como oportunidade de somar mais três pontos, continuarmos na luta pelo nosso objetivo principal, que é o campeonato, e entrar com uma atitude muito competitiva, mentalidade ganhadora, é isso que creio que atravessa muito o nosso pensamento. Para ser honesto e honesto mesmo, eu não vi o jogo ontem [Moreirense-Sporting], também não estava muito preocupado com isso, sinceramente. Não é isso que nos guia, não é isso que nos move.
-Olhando para o jogo do Sporting em Moreira de Cónegos e a contestação que também chegou a varrer o Benfica e FC Porto: isto é sinónimo de maior competitividade na Liga?
- Relativamente à competitividade, no campeonato dez de dezoito clubes mudaram de treinador e acho que isso não ajuda nada a que as equipas possam crescer, alavancar-se naquilo que são as ideias que os treinadores querem passar. O Moreirense é uma equipa que tem tido alguma estabilidade, tem feito um excelente trabalho, fez o que fez contra os grandes, é um adversário que já nos criou problemas e teremos oportunidade daqui a 15 dias de voltar lá, e a seu tempo trabalharemos esse jogo. Acho que o campeonato não vai decidir-se apenas no confronto entre grandes, aliás, o ano passado diz-nos isso. Temos um adversário que individualmente tem bons jogadores, um plantel muito valioso. Se calhar, há dois meses falávamos de uma realidade diferente, dizíamos como é que o FC Porto vai parar o Famalicão, que está a ser fortíssimo em casa? Provavelmente depois do ciclo mais recente não se diz isso, e as equipas têm que conviver um bocadinho com esses sinais. Passou-se isso connosco no passado, agora entramos num ciclo vitorioso, queremos ter a oportunidade de entrar muito fortes e trazer três pontos para o nosso lado, que são muito importantes na nossa luta.
- Estas duas derrotas do Sporting baralham as contas do campeonato e tornam fundamental que o FC Porto ganhe em Famalicão?
- É fundamental, única e simplesmente pelo cenário de alta exigência que nós queremos cultivar aqui dentro. Cultivar, e não é que o clube não tenha, porque tem, os jogadores têm, e muito bem, nós queremos que isso seja incutido porque temos jogadores novos que estão agora a dar passos no clube, e esse nível de exigência tem que ser altíssimo. Isto também se educa. Temos feito muito esse trabalho com os jogadores, e o jogo de amanhã não representa mais do que isso. É mais uma oportunidade que temos de somar três pontos aos que já temos. Olhar para o jogo de forma muito séria, competitiva, muito ambiciosa, e desconfiar-se de uma equipa que do outro lado tem um treinador novo, que vai ter esse lado emocional que vai se calhar levar os jogadores para outros patamares de rendimento. Perceber que se calhar esse treinador [Ricardo Silva], quando foi jogador era alguém muito competitivo, e se calhar vai ter que pedir isso à sua equipa, é isso que nós temos que ter em conta amanhã.
- O registo recente da equipa fora de casa é negativo. Até que ponto este jogo pode significar um virar de página?
- Na resposta vou tornar-me redundante. É verdade que os últimos quatro jogos fora não foram bem sucedidos, mas em todos eles a história foi diferente. Em Itália [Lazio], o resultado é perfeitamente injusto, na Bélgica [Anderlecht] tivemos o jogo praticamente no bolso, deixando-o cair. Em Moreira de Cónegos, o Moreirense não fez, com todo o respeito, por ganhar aquele jogo, tivemos lances para fazer o 2-1, na 2.ª parte. O único jogo em que perdemos verdadeiramente bem foi com o Benfica. Ponto final. Há que o assumir sem rodeios e sem estar aqui com meias-palavras. Os outros três, não parece que nem seja o caso. Fora contra o Santa Clara ganhámos, já ganhámos em Guimarães também, de forma convincente, redonda, é isso que queremos em Famalicão. É futebol. Os clubes vivem realidades diferentes em determinados momentos da época. Depois esta questão das mutaçõesnos comandos técnicos não ajuda ninguém, mas é uma realidade com a qual temos que saber viver e estar preparados para ela.
- Alan Varela está de regresso às opções. O Eustáquio jogou muito bem contra o Casa Pia e teve em campo postura de verdadeiro capitão. É um problema ou dor de cabeça para si ter de prescindir de um deles?
- Esse é o menor dos problemas. Essa é uma grande solução. E o facto de o Varela estar disponível não quer dizer que tenha que ser o Stephen [Eustáquio] a sair, ou tenha que ser o Nico, ou tenha que ser o Fábio [Vieira], para o Varela entrar no meio-campo. Os quatro já coabitaram em campo, em simultâneo. É uma questão estratégica para amanhã. O Stephen Eustáquio consegue jogar bem a pivô, consegue jogar a dois, consegue ter essa capacidade de saltar linhas. Mesmo começando com um pivô defensivo, ou numa linha diferente, que causa surpresa, porque ele tem essa capacidade e tem golo. Não vamos desvendar muito daquilo que pode acontecer amanhã, sabendo que tendo o Varela de volta, para nós é uma solução de total conforto e não um problema.
- Bruno Lage lançou desafio de vencer todos os jogos no ano civil. O Vítor Bruno também lançou para dentro o mesmo desafio?
- Só tenho um desafio, que é ganhar amanhã. Pensamos no imediato senão podemos tropeçar. A equipa tem dados sinais positivos, de conforto, queremos chegar, impor o que é nosso, mas olhar para o Famalicão, porque é um campo sempre muito difícil. Tem jogadores de enorme valia. Tentar antecipar cenários e perceber que amanhã podemos ter de vestir uma pele diferente em determinados momentos. Queremos fazer leituras imediatas. A atitude comportamental vai estar lá. Tentámos perceber o que o Ricardo fez no passado, passou por muitas ideias diferentes. Comportamentalmente, sabemos que vão estar num nível fortíssimo porque querem mostrar que estão aptos para dar reposta a qualquer cenário.
- Já são conhecidos os adversários do FC Porto no Mundial de Clubes. Que cuidados terá de ter para os jogadores chegarem em boas condições a esta competição?
- Não me preocupa esse cenário, temos muitas frentes para nos preocuparmos antes desse cenário. Vamos ver em que condições as equipas - e sobretudo os jogadores - vão lá chegar. Veremos até que ponto a competição terá a coragem que uma dimensão destas deve ter. São equipas de continentes diferentes, com jogadores que só pelo nome vão dar vontade de os defrontar. O certame honra-nos, são os grandes clubes do mundo, mas a minha preocupação é que tipo de ‘Messis’ vamos encontrar amanhã. Gil Dias? Aranda? Rochinha? Gustavo Sá? Essa é a minha preocupação.
. Gil Dias? Aranda? Rochinha? Gustavo Sá? Essa é a minha preocupação.