Nunca antes aconteceu em 85 anos da Taça de Portugal: uma equipa do quarto escalão do futebol nacional garantirá presença nas meias-finais da edição 2024/25. A história será feita em Santo Tirso ou em Elvas, locais onde os protagonistas já vivem a expectativa deste momento único. No último domingo, O Elvas protagonizou um dos maiores feitos da presente edição ao eliminar o Vitória de Guimarães, por 2-1, surpreendendo o sexto classificado da Liga. Do outro lado, o Tirsense carimbou passagem aos quartos de final com uma vitória frente ao Rebordosa, por 1-0, ainda em dezembro. A decisão sobre qual destas equipas avançará às meias-finais será tomada no início de fevereiro, numa partida que promete emocionar os adeptos e amantes do futebol. A BOLA esteve à conversa com três protagonistas deste momento histórico: João Martins, defesa e um dos capitães da equipa; Norton de Matos, treinador com vasta experiência no futebol português e internacional; e João Magalhães, vice-presidente do clube. Em discursos que revelam orgulho, ambição e um sentido de união, todos partilham o que significa para o clube e a comunidade viver este sonho da Taça de Portugal. A Taça de Portugal «permite que as equipas sonhem» João Martins, defesa e um dos capitães do Tirsense, destacou o orgulho em fazer parte de uma campanha histórica. Ligado ao clube desde os sub-11, o jogador fala de uma «emoção enorme». «Sentimos que estamos a viver algo que vai muito além do futebol. Para nós, jogadores, saber que podemos colocar o Tirsense na história é uma responsabilidade que abraçamos com muito orgulho.» Acrescentou ainda que a caminhada na Taça tem unido adeptos e equipa: «Ficámos mais unidos e acho que isso tem-se visto nos últimos jogos. Tudo por causa que os adeptos estão a acreditar em nós.» Por fim, pediu aos tirsenses que continuem ao lado da equipa: «Juntos seremos mais fortes e por isso vamos à luta.» João Magalhães, vice-presidente do clube, reforçou o orgulho em ver o Tirsense alcançar este marco: «A presença de um clube do quarto escalão nesta fase da competição é o testemunho da qualidade que existe nesta competição. Enquanto história e projeção para o clube, claro que representa um enorme marco na sua já vasta história.» Magalhães acredita que o sucesso na Taça pode alavancar o desempenho no Campeonato: «Pretendemos que a equipa mantenha o foco no Campeonato e que traga o espírito que tem sido entregue na Taça.» O dirigente destacou ainda o impacto positivo da Taça de Portugal para a cultura desportiva: «Permite que as equipas pequenas sonhem, que os jogadores demonstrem o seu talento, que tenham acesso a palcos que, de outra forma, seria muito mais difícil.» Norton de Matos, treinador de 71 anos, também sublinhou o compromisso da equipa com a competição. «Independentemente dos adversários, ao longo da minha carreira, houve sempre um lema, que era jogar para ganhar. Este jogo contra O Elvas não vai fugir a essa máxima», afirmou. Sobre a possibilidade de chegar às meias-finais, o técnico foi categórico: «Temos que ter esse sonho. Vamos entrar em campo para disputar com o adversário e tentar surpreendê-lo, com concentração, organização defensiva e ofensiva. Vai ser um jogo de grande exigência física e mental.» Quanto à disparidade entre o desempenho na Taça e no Campeonato, Norton de Matos apontou os erros de crescimento e fatores externos, como arbitragens, mas garantiu: «O importante é aproveitar o momento e lutar por cada jogo como se fosse o último.» Rumo às meias-finais O vencedor do duelo entre Tirsense e O Elvas defrontará uma destas quatro equipas: Benfica- Farense ou SC Braga-Lusitano de Évora. Independentemente do desfecho, o que já foi alcançado marca um momento histórico para a Taça de Portugal e para os respetivos clubes. Na época 1970/71, o Tirsense alcançou as meias-finais da Taça de Portugal, onde foi eliminado pelo Benfica ao perder por 2-8 no conjunto das duas mãos.