Apesar de ter confessado estar a viver o melhor período da sua vida, a nível pessoal e futebolístico, Ángel di María recordou as dificuldades que passou há alguns anos e que até o levaram a consultar um psicólogo, que, reconheceu o campeão do Mundo argentino, o ajudou bastante, ainda que tivesse confessado ter decidido por ele mesmo deixar as consultar. Dei alta a mim mesmo. Era mais por vídeochamada e telefone [que falava com o psicólogo], porque estava fora e era alguém da Argentina. Deu-me o clique com um par de coisas e disse: 'já está, não quero saber de mais nada, tenho que lidar eu com isto'. Esses tempos com o psicólogo ajudaram-me bastante». Por alturas da Copa América de 2021, que a Argentina viria a conquistar, Di María sentiu que estava na hora de dar o tal clique. «Estive sempre no banco. Isso afetou-me. Dei conta que tinha de mudar. Muitos diziam que não merecia estar na seleção, mas entendi que estava onde devia estar, porque tinha-o merecido. Alguns gostam [das críticas], seja para falar bem ou mal. Temos família, tenho os meus pais que sofrem, que estão na Argentina e ouvem de tudo. O meu pai ama o futebol. Quando joga a seleção e nós vamos, continuam a falar. Essas coisas matam-te, porque a família sofre. Muitas vezes vi-os tristes. Um dia mudou tudo e pude dar-lhes a maior alegria que é ser campeão com a Argentina», contou. Puxando a fita para a frente, o Mundial do Catar também não foram só rosas apesar do final idílico para a Argentina, mas até lá chegar Di María não se livrou de enorme susto.«Não podia acreditar. Contra o México senti picada, como uma câimbra nos quadríceps. Pensei que o melhor era parar e pedi a substituição. Os exames mostraram uma lesão antes. A dor impedia-me de travar e arrancar, que é aquilo que mais faço. Psicologicamente matou-me, porque estava bem. Mal senti isso pensei: 'não, outra vez não, não pode ser'. Mas tentei ficar positivo, pensar que era algo pequeno e que ia conseguir». E acabou mesmo por conseguir. De tal forma que jamais irá esquecer o momento em que antes da final com a França, durante a palestra, percebeu que seria titular, ainda que não no lugar onde esperava.«Soube que ia ser titular na palestra. Sabia que ia fazer um golo [na final], mas não sabia em que momento. Olhei para o quadro e não vi [o nome] no lado direito e, de repente, olho e vejo que estou na esquerda. Não entendia nada. O Scaloni disse-me que ia jogar ali pois era o lado onde podíamos criar mais perigo, que podia divertir-me e criar confusão. Quando vi que jogava, fiquei com pele de galinha, porque disse: 'é esta, é esta, é esta'», esmiuçou, garantindo que também não mais esquecerá as palavras de Messi antes da final: «Disse menos coisas que na final da Copa América, mas caíram algumas lágrimas. Não dos nervos, mas do momento que estava a viver. Viver isso é o mais lindo que pode acontecer a um jogador.»