Luis Suárez, uruguaio, 36 anos, craque com muitos altos (e alguns baixos) ao longo da vitoriosa carreira, protagoniza uma «novela mexicana» no Grêmio, de acordo com o treinador do clube, Renato Gaúcho. Afinal, Luisito sai ou fica? Joga ou não joga? É o herói ou o vilão do folhetim? As perguntas ecoam na cabeça dos gremistas, que depressa se enamoraram do craque mas hoje questionam-se sobre se ele é merecedor de tanto afeto. O craque foi apresentado como reforço do Grêmio no dia 4 de janeiro perante 30 mil adeptos, fez um hat trick logo no jogo de estreia com o São Luiz, para o Gauchão, ganhou dois títulos regionais e em 31 jogos no Brasil já marcou 16 golos, fez nove assistências e exibe classe sempre que joga. O problema é que nem sempre joga por culpa de dores crónicas no joelho direito. Essas dores, segundo o próprio e o seu staff, são agravadas pela quantidade de jogos e viagens que o futebol brasileiro prevê e que ele não teria previsto, segundo relatos de dirigentes do Grêmio, antes de assinar. Por isso, pediu para sair rumo a uma liga menos exigente, supostamente a MLS, de onde lhe chegou convite do Inter Miami do amigo íntimo Lionel Messi. E de Busquets. E de Jordi Alba. Mas a direção do Grêmio, que também ainda não se sabe se faz papel de herói ou vilã na «novela mexicana», só deixa Suárez romper o contrato, que termina em dezembro deste ano, se ele decidir reformar-se. Deixá-lo sair para outro clube, só mediante pagamento da cláusula de rescisão de nada menos que 70 milhões de euros - uma verba que, claro, nem os norte-americanos nem o próprio atleta estão dispostos a pagar. Nem Luisito nem Alberto Guerra, o presidente do Grêmio, se pronunciam publicamente sobre o impasse. Sobrou a tarefa para o treinador Renato Gaúcho que se sente «no meio de um tiroteio». «Vamos deixá-los conversar para ver se chegam a um denominador comum, porque dia 2 fecha a janela, espero que tenhamos um final feliz até lá, porque essa novela mexicana tem de acabar», disse, direto ao assunto: «Eu converso quase diariamente com o jogador para saber a condição dele, espero sempre até ao último minuto para saber se está com dor ou não e, como treinador, conto sempre com o jogador, mas isso é entre mim e ele, quanto ao resto, respeito a hierarquia do clube, mas ele, por mim, só vai jogar se estiver com a cabeça aqui, focado aqui, porque ele sabe a importância que tem na equipa, se estiver com a cabeça noutro lugar, não posso contar com ele.» O Grêmio joga amanhã com o Atlético Mineiro, de Luiz Felipe Scolari e Hulk, na Arena Grêmio, para a 16.ª jornada do Brasileirão. Com ou sem Luis Suárez? Ninguém sabe. O clube, entretanto, ocupa o terceiro lugar da competição, um ponto atrás do Flamengo e a 13 do líder Botafogo, de Bruno Lage, uma posição de respeito tendo em conta que no ano passado jogava na Série B.
