Ao 5.º jogo da era Rui Borges em Alvalade, eis os primeiros sinais (bem mais sólidos) de um leão renovado, com uma nova identidade, que cortou laços com o passado recente, mas com uma idêntica (ou até superior…) qualidade ofensiva. Foi em Vila do Conde, após primeira semana limpa de trabalho do técnico no laboratório de Alcochete, que se deu a conhecer uma equipa já com dedo de treinador. Uma equipa que foi capaz de sobreviver sem algumas das suas peças mais importantes, como Gyokeres, Morita ou Bragança, que foram poupados e geridos fisicamente, novo sistema, um 4x4x2 cada vez mais rotinado, mas também experiências inéditas com sucesso, como o lançamento de Debast no meio-campo, o aparecimento de um novo guarda-redes com poucos dias de trabalho, dois laterais que não entravam nas contas no arranque da temporada naquelas posições (Fresneda e Maxi Araújo) ou um jovem (João Simões) que se afirmou como uma das peças na rotação do miolo. Os sinais de uma nova identidade estão bem vincados. Dentro de campo mas também fora. Com uma proximidade e cumplicidade do treinador com a equipa bem visível nos muitos abraços do técnico com os seus jogadores, o discurso que traduz a sintonia entre todos e várias frases que se vão tornando lemas não só entre o plantel como também nas bancadas. A vitória sobre o Rio Ave mostrou um leão… arrasador. Muito à imagem daquilo que já foi esta temporada com Ruben Amorim. De resto, o técnico mirandelense até conseguiu superar alguns dos números do agora técnico do Man. United. Com 30 remates somados, 13 deles enquadrados (igualando o melhor registo da época dos leões, em Famalicão, vitória também por 3-0). Mas também bateu chegou ao recorde de Expected Goals no campeonato (métrica que avalia a probabilidade de um determinado remate terminar em golo), com 4.54. Número que prova todo o domínio que o leão teve, num campo difícil, após ciclo intenso de jogos. Mais: olhando também para os números, o Sporting, em Vila do Conde, bateu igualmente o recorde de pontos esperado num jogo (Xpoints que designa as oportunidades criadas e permitidas aos adversários). Com 2.96, os leões alcançaram, assim, a vitória mais tranquila esta época de uma equipa portuguesa na Liga. Tudo isto com poucas semanas de trabalho, depois de agarrar numa equipa sem confiança e sem peças fundamentais como Pedro Gonçalves, Inácio, Matheus Reis, Morita, Eduardo Quaresma ou Bragança que já estiveram riscados pelo novo técnico desde a chegada a Alvalade. A juntar a isto, o pulso firme também evidenciado com a indisciplina de Marcus Edwards que saiu das contas. O leão re(nasceu), ganhou nova equipa e um novo... líder.