Gyokeres retirou-lhe protagonismo. O sueco é, de forma unânime, considerado a figura de cartaz do renovado leão pelos golos, influência e rendimento ao longo destes últimos meses em Portugal. Porém, convém lembrar: o possante avançado sentou-se num trono que, outrora, foi ocupado por Pedro Gonçalves. Um médio contratado ao Famalicão em 2020/2021 que no reinado de Rúben Amorim, balanço feito, restam poucas dúvidas: foi a peça decisiva que criou toda a identidade, o ADN de uma equipa bem vincada com o cunho pessoal do treinador. A história já a conhecemos. Pedro Gonçalves colocou a fasquia elevadíssima desde o primeiro dia. Pela sua dinâmica, mobilidade e capacidade para se adaptar em tudo o que o treinador pedia em jogo. Fosse numa posição mais central, mais avançada, recuada, uma espécie de faz-tudo apresentando rendimento impressionante. Logo na época de estreia. Arrebatadora. A liderar a equipa leonina para o título nacional, 19 anos depois, e a nível individual, de forma surpreendente, terminou como goleador da Liga com 23 golos. O Sporting ganhou um troféu e a afirmação de um médio que, trabalhado por Amorim, se transformou num avançado temível. Pela subtileza, naturalidade até, com que batia todos os guarda-redes adversários. Nesse ano, em 2020/2021, conseguiu a proeza de apontar 7 golos num espaço de 7 jogos (nas primeiras 7 rondas). Pois bem, feita esta introdução, dois anos e meio depois, que Pedro Gonçalves temos? Um jogador mais maduro (chegou aos leões com 23 anos e hoje tem 25), que refinou qualidades e, provavelmente, é neste momento quem entende melhor as dinâmicas da equipa. Sem nunca perder rendimento. A marcar e a assistir. Em todas as posições. Mesmo que isso, tal como o próprio Amorim já confirmou publicamente, o tenha prejudicado por vezes. Crescer com Gyokeres Chegamos a esta época e, curiosamente, tendo o Sporting uma verdadeira referência ofensiva (como nunca teve com Amorim...), Pedro Gonçalves aproxima-se do rendimento mostrado na primeira época. Mesmo tendo recuado no terreno. Um regresso às origens ao qual tem respondido de forma afirmativa. Tanto que nesta entrada de 2024, Pedro Gonçalves está muito perto dos números de 2020/2021. Soma 6 golos nos últimos 7 jogos, aliados ao jogo coletivo positivo como confirmam as 4 assistências neste mesmo período. É, então, oficial: esta é a melhor versão de Pedro Gonçalves dos últimos dois anos e meio. A vítima SC Braga Pedro Gonçalves nunca perdeu o fato de goleador. Para se ter uma ideia: nestas épocas em Alvalade já marcou a 35 equipas! Curiosamente, no topo da lista, está o adversário de amanhã: o SC Braga. O clube minhoto, no qual deu os primeiros pontapés como jogador e que com a camisola leonina festejou em 8 ocasiões nos 12 duelos. Prolongar este registo é o objetivo tendo ele estatuto de intocável. A única dúvida é mesmo saber onde jogará. Numa zona mais adiantada, no tridente ofensivo, ou numa posição mais central ao lado de Hjulmand. Tem sido neste último espaço que tem renascido o melhor Pedro Gonçalves. Que deu conta do recado após a saída de Morita para a Taça Asiática. O japonês, porém, voltou agora e surge a questão: quem joga ao lado de Hjulmand? Uma dúvida que nem o próprio Amorim revelará até porque, convém lembrar, tratam-se de jogadores muito diferentes nas suas características. Sabe onde gosta ele mais de jogar? O rendimento mantém-se, já sabemos, em todo o lado. Mas, afinal, a nível pessoal qual é a posição em que Pedro Gonçalves se sente mais confortável? Como médio ou mais na frente? Pois bem, sabe A BOLA, a resposta a esta questão está na segunda opção. Pedro Gonçalves, por tudo o que tem feito desde a chegada a Alvalade, sente-se mais seguro no trio da frente, ainda que considere que a sua posição natural seja a de número 8/10. Sem ser um jogador de velocidade e de drible, mas de inteligência, qualidade de passe e com total… liberdade para poder os explorar espaços onde possa fazer mais estragos. E é no apoio a Gyokeres e Paulinho (ou até Trincão e Edwards) que Pedro Gonçalves se sente mais no seu habitat natural. E também é aí que Rúben Amorim lhe pede para fazer a diferença… Cobiçado mas sem a 'tal' proposta Apesar dos números, que fazem despertar muitos scouts espalhados por essa Europa fora, e de uma polivalência fundamental na estratégia leonina, a influência do português nunca foi suficiente para que Pedro Gonçalves estivesse perto, ou chegasse a equacionar uma saída de Alvalade. Com contrato até 2027 e cláusula de €80 milhões, apesar de algumas abordagens, nomeadamente da Premier League, Pedro Gonçalves está feliz em Alvalade e não equaciona uma mudança no projeto. Pelo menos enquanto não surgir uma proposta e um desafio verdadeiramente aliciante. Ele que, além de ser trunfo importante no clube, mantém a crença de uma chamada à Seleção Nacional, algo que tem fugido nos últimos anos. Soma apenas duas internacionalizações e mantém-se na linha de espera de Roberto Martínez...
