O Benfica é 'campeão de inverno’, o Sporting é campeão da primeira volta. Os encarnados têm um troféu no bolso, os verdes, para já, nada têm. Perderam a Supertaça para o FC Porto e a Taça da Liga para o Benfica, mantêm-se por dentro da Taça de Portugal e da Liga dos Campeões e lideram a Liga com um ponto de vantagem sobre o FC Porto e três sobre o Benfica. Que significa esta diferença para os dois principais adversários na luta pelo campeonato? Para já, pouco. A não ser, claro, que olhemos para o passado recente e achemos que ele pode servir, de algum modo, como previsão para o futuro. Vejamos, então, o que se passou neste século quando se concluiu a 17.ª jornada de cada Liga, como agora acontece em 2024/2025. Apenas em quatro das últimas 25 o líder ao fim de 17 jogos não acabaria campeão. Aconteceu em 2011/2012, 2015/2016, 2018/2019 e 2019/2020. Ou seja, em 84 por cento dos casos, o líder tornou-se campeão. O que abre boas perspetivas para o Sporting. Porém, naquelas quatro temporadas, o líder perdeu sempre pelo menos quatro pontos para quem o seguia. Em 2011/2012, o Benfica deixou-se ultrapassar pelo FC Porto quando tinha cinco pontos de avanço (Jorge Jesus/Vítor Pereira). Quatro anos depois, o Sporting tinha quatro pontos de vantagem sobre o Benfica e perdeu-os (Jorge Jesus/Rui Vitória). Três anos mais tarde, foi a vez de o FC Porto perder para o Benfica os cinco pontos que detinha de avanço (Sérgio Conceição/Bruno Lage). Finalmente, na época seguinte, deu-se o inverso, com o Benfica a não guardar os sete pontos de avanço que tinha sobre o FC Porto (Bruno Lage/Sérgio Conceição). Estas quatro sequências animam FC Porto e Benfica, pois estão apenas a um e a três pontos do líder Sporting e com nada menos de 17 jornadas por realizar. Está, pois, tudo em aberto. FC Porto foi campeão de verão (Supertaça), Benfica é ‘campeão de inverno’ (Taça da Liga) e o Sporting é campeão da primeira volta. O verdadeiro (e único) campeão conhecer-se-á em maio. Até 10 de novembro de 2025, dia do último jogo de Ruben Amorim pelo Sporting (4-2 em Braga), a Liga portuguesa caminhava, sossegadinha, para folgado bicampeonato dos leões. O Sporting liderava com cinco pontos de avanço sobre o Benfica, fruto de 11 triunfos em 11 jornadas; o Benfica, após a saída de Roger Schmidt e a entrada de Bruno Lage, recuperava cadência forte com seis jornadas vitoriosas de rajada; o FC Porto ganhava nove dos 11 jogos e perdia apenas com Sporting e Benfica. Dois meses e dois dias depois, nada está como dantes. A entrada de João Pereira para o lugar de Ruben Amorim não resultou (quatro pontos em quatro jogos) e a entrada de Rui Borges melhorou (4 pontos em 2 jogos), mas teve aquele jogo atípico com o V. Guimarães (3-1 para 4-4). O Benfica nos sete jogos seguintes (incluindo o Nacional) teve quatro vitórias, um empate e duas derrotas seguidas (Sporting e SC Braga). O FC Porto foi empatar a Famalicão e agora perdeu no terreno do Nacional, penúltimo classificado, por 0-2, perdendo a possibilidade de passar à liderança isolada da Liga e mantendo-a, assim, na posse do Sporting.