Sousa Cintra: «Futebol português deve muito a Manuel Fernandes»
Antigo presidente do Sporting relembrou com carinho o antigo avançado do clube de Alvalade; destacou papel do ex-treinador em trazer José Mourinho para ajudar na comunicação com Bobby Robson; apontou como melhor momento da carreira os quatro golos que marcou ao Benfica na histórica vitória leonina por 7-1
Foi com «desgosto enorme» que José de Sousa Cintra reagiu à morte de Manuel Fernandes. Em declarações ao jornal A BOLA, o antigo presidente do Sporting (1989-1995) recordou o Eterno Capitão, frisando que a morte do antigo jogador é uma «grande perda», tanto para os leões, como para o futebol nacional.
«Era um homem fantástico. Diria mesmo que é dos melhores seres humanos que conheci. Fosse onde fosse, trazia o Sporting sempre no coração», começou por dizer.
«Perdemos uma grande figura do Sporting, que nos deu grandes alegrias. Sempre engrandeceu o Sporting, quer no relvado, quer fora dele, chegando mesmo a visitar os núcleos do clube», reforçou. Sobre o legado que o ex-avançado de 73 anos, que morreu vítima de doença prolongada, Sousa Cintra afirmou que «os sportinguistas têm de estar eternamente gratos», mas não só, uma vez que, para o antigo dirigente «o futebol português deve muito a Manuel Fernandes». «Não nos podemos esquecer dele», sublinhou.
Apesar de ter sido eleito em 1989, dois anos depois do último encontro do avançado de leão ao peito, Sousa Cintra viveu de perto com Manuel Fernandes, uma vez que foi neste mandato que trouxe o mesmo para a equipa técnica de Alvalade, para ser treinador-adjunto de Bobby Robson. De um lado, um inglês, e do outro, um português. Com dificuldades em perceberem-se foi necessário trazer um tradutor que ajudasse a comunicação dos dois. Esse tradutor viria a ser José Mourinho, mas o papel que viria a ter na equipa seria bem mais profundo do que a simples tradução.
«Quando contratamos o Robson, quando veio trabalhar como adjunto do Robson, indicou-me o Mourinho e depois o Mourinho tornou-se no melhor treinador do mundo. Começou ali connosco, com o Manuel Fernandes. Foi ele que se lembrou do Mourinho. Tinha um carisma próprio. Não encontrei ninguém que não gostasse de Manuel Fernandes», contou, admitindo ainda sentir «tristeza» por «ter mandado Robson embora».
Desafiado a escolher o melhor momento da carreira do avançado, Sousa Cintra não hesitou: os quatro golos que o avançado marcou ao arquirrival Benfica, na histórica vitória do Sporting (7-1), em dezembro de 1986.
«Estava lá a ver o jogo e o Manuel Fernandes foi uma coisa incrível. Nunca mais me hei de esquecer desse momento», relembrou.