A determinado momento da conferência, Sérgio Conceição foi confrontado com o facto de manter sempre uma coerência no seu discurso, não se refugiando em desculpas com a estrutura para justificar o insucesso desportivo. A questão era saber se o técnico estaria descontente com a matéria-prima -- entenda-se jogadores -- que tem tido à sua disposição nestes anos todos no FC Porto: «Já falei do plantel. Os treinadores querem ter os melhores jogadores do mundo, são eles que ganham jogos. Nós ajudamos no trajeto, mas eles é que vão lá para dentro e decidem. Eu já falei das vacas gordas, meias-gordas e magras, não precisamos de recuar muitos anos para olharmos para as diferentes equipas e jogadores que fomos perdendo. A capacidade financeira do nosso campeonato não permite guardar os melhores jogadores, temos de nos reinventar ano após ano. O futuro dos clubes é a formação e tem de haver esse trabalho. Se defendo os meus jogadores e é com estes que vamos ganhar? Sem dúvida absolutamente nenhuma.» E acrescentou: «Chateio-me porque acho que podemos dar sempre mais. Se me perguntar se gostaria de ter mais 3, 4, 5 ou 6 jogadores que estão nas melhores equipas da Europa? Claro, tal como gostariam outros treinadores. Mas isso para a nossa realidade é completamente impossível. Falei dos diferentes departamentos, não de um departamento. Não preciso de testemunhas, estou a dizer que a minha exigência aqui é diária com os departamentos que interferem diretamente com o futebol. Depois toda a gente diz 'este rapaz é um aldrabão'. A minha exigência é grande e às vezes passa o limite da minha azia, mas já falei disso. Tratadores de relva, cozinheiros, nutricionistas... Quando vejo algo que não está bem ou quando reparo que estamos a desligar um bocadinho, estou cá para isso. Sei que durmo pouco, tomo muita atenção às coisas. A todas elas», salientou.