Ser campeão já amanhã, o clássico no Dragão e o futuro: o melhor da conferência de Imprensa de Rúben Amorim
Treinador do Sporting cada vez mais perto do título mas a jogar à defesa nas palavras
— O que mais gostou do jogo e o que foi decisivo para o triunfo?
— Gostei de muitas coisas, acima de tudo a capacidade de não deixar o Vitória criar perigo, o que poderia provocar alguma ansiedade na equipa. Precisávamos de mais velocidade com a bola no início, mas quisemos controlar tanto e jogar pela certo que demorámos a entrar no jogo e só a partir dos 20 minutos é que demos alguma velocidade e o Vitória também começou a cair e não conseguiu chegar a todos os espaços. Fomos sempre a equipa que esteve mais perto do golo, conseguimos marcar um e mesmo em cima do intervalo, numa excelente jogada, fizemos o segundo. Na segunda parte, o Vitória estava a cair, nós controlámos o jogo, marcámos o terceiro e depois foi controlar com bola, lançamentos longos. Foi uma vitória muito competente, foi isso que gostei, da competência de perceber os momentos do jogo e da seriedade dos jogadores.
— Como comenta o apoio, que começou na receção à equipa?
— Também gostei muito do apoio do público. Ainda faltam, pelo menos, duas vitórias. Saímos de Alcochete e em todas as rotundas tivemos pessoas a apoiar. A chegada aqui está incrível, mas acho que conseguimos fazer melhor. É o mesmo que digo à equipa: está tudo muito bem e muito forte, mas conseguimos fazer melhor.
— O seu discurso para os jogadores continuar a ser de que o Sporting ainda pode perder o título? Agradar-lhe-ia ser campeão no Dragão?
— É a mesma história de sempre dos jogadores: é onde tiver de ser, no hotel ou noutro local qualquer. Vou continuar com o mesmo discurso, mais porque sei que na cabeça os jogadores sentem que é cada vez mais difícil perdermos este título. Mas ainda é possível. O discurso vai continuar. Ser campeão no Dragão ou noutro sítio é igual, só com a curiosidade de quando chegámos aqui há quatro anos e dois meses vivemos quase a mesma situação ao contrário. Não é a mesma situação porque o FC Porto foi campeão nesse jogo [no Dragão], não sabemos quando podemos ou se vamos festejar, mas é curioso ver que quatro anos depois estamos numa situação completamente diferente e é bom sinal.
— Já pensou qual o cenário que menos lhe agrada para se sagrar campeão?
— Mais cedo possível é o melhor. Há muitos adeptos a fazer contas, tudo conta para os adeptos, se é sábado ou domingo, se é longe, se chegam a casa às três da manhã. Para mim, se pudesse ser amanhã ficava bem. Nunca me sinto relaxado nesse aspeto, só quando formos campeões pensarei nisso, agrada-me sempre ser campeão.
— Da primeira vez que foi campeão no Sporting só se assumiu como candidato perto do fim. Esta época, desde início assumiu essa candidatura. De que forma isso afetou a equipa e a forma de jogar?
— O contexto é completamente diferente. Vínhamos de um quarto lugar, mas de uma remodelação com miúdos que não tinham jogado na equipa principal, logo qualquer problema era de pressão. Estar a dizer éramos candidatos não ajudaria a equipa, sei que enervei muita gente e muita gente não gostou, mas tudo se esquece quando se ganha no fim. Agora este contexto é diferente. Muitos jogadores tinham muitos anos de trabalho, tínhamos uma equipa mais forte e acima de tudo tivemos um quarto lugar diferente. Vínhamos de sequência em que fomos campeões, vice-campeões e quarto lugar. Senti-me na obrigação de fazer isso, porque a época foi muito difícil e teríamos de dar uma resposta muito forte para não entrarmos na situação de ganhar um campeonato e deixar correr. Senti a equipa mais forte e o contexto pedia uma mensagem diferente. No primeiro ano, depois de construímos uma vantagem de dez pontos o discurso foi sempre de podermos ser campeões de que vamos ser campeões. Este ano tivemos vantagem de um ponto, sabíamos que tínhamos de ganhar e a equipa foi mais consistente. Uma equipa era menos forte que a outra.
— Adeptos pedem para ficar. Mudou o paradigma do clube? O que é necessário acontecer para continuar muito tempo no Sporting?
— Primeiro vamos fechar o campeonato e depois pensamos nisso. Tenho contrato, nada muda, a situação é a mesma de sempre. Estamos a começar a mudar o paradigma se ganharmos o campeonato, mas isso é uma coisa muito mais longa na história. Disse quando renovei que ganhar mais um campeonato seria um bom sinal. Nada mudou, vou cá estar para a semana, sou treinador do Sporting, tenho contrato e há que seguir em frente.
— Esta vitória tira pressão antes do clássico?
— Um jogo entre Sporting e FC Porto é sempre de pressão. Não interessa a classificação, FC Porto e Sporting vão entrar para ganhar. Quero que os jogadores sintam a pressão, temos obrigação de lutar pela vitória e é isso que vamos fazer.