A caminhada do São João de Ver na presente edição da Taça de Portugal já vai longa, mas a ambição dos ‘malapeiros’ faz sonhar com algo mais. Uma passagem às meias-finais da prova rainha não sai do pensamento das gentes da vila, que vive e respira este momento de fulgor nunca antes visto com alegria, mas os pés continuam firmes na terra. Não tem sido uma época típica para o emblema que milita na Liga 3, promovido do Campeonato de Portugal. Uma azarenta onda de lesões, que tirou da equipa cinco habituais titulares – três dos quais tiveram mesmo de ser submetidos a cirurgia -, teve efeitos nefastos na fase inicial da temporada, que não correu (nada) bem. Apenas um triunfo (logo na primeira ronda, diante do Lusitânia de Lourosa) nas primeiras seis jornadas do campeonato atirou a equipa para os lugares perigosos da tabela, mas pelo meio houve outra competição que arrancou, no início de setembro. A Taça de Portugal nunca foi encarada como objetivo basilar da época – uma boa campanha era bem-vinda, como acontece todos os anos, mas o foco estava em garantir a manutenção na Liga 3. Dérbi logo a abrir Ditou o sorteio que ia haver dérbi na primeira ronda, contra o Ovarense, fora de portas. Apesar de atuar duas divisões abaixo do São João de Ver, no Campeonato de Elite da AF Aveiro, o conjunto de Ovar acabou por dar bastante trabalho, num duelo bem disputado e com direito a casa cheia. O jogo só foi decidido nos penáltis, após uma igualdade a uma bola que se verificou ao fim do tempo regulamentar. A formação comandada por Afonso Cabral foi mais forte na marcação das grandes penalidades (7-6) e garantiu um bilhete para a segunda eliminatória. Muito suor no primeiro obstáculo no percurso histórico dos ‘malapeiros’. Seguiu-se uma receção ao Serpa, formação alentejana do quarto escalão, e o São João de Ver teve de puxar dos galões para conseguir um triunfo pela margem mínima. O brasileiro João Victor foi o herói da partida, ao apontar o único golo do encontro a dois minutos do fim, para rejúbilo do público. Na terceira eliminatória, na qual entram em cena os clubes da Liga, saiu em sorte mais uma equipa de escalão inferior, o Paredes, que luta para subir à Liga 3. Uma vitória sem espinhas (4-1), num duelo em que Bernardo Fortunato brilhou com um ‘hat-trick’, assegurou mais uma ronda da prova rainha. O clube começava a sonhar e a Taça passou a ser também ponto central da época. Os dezasseis avos de final ditaram uma visita aos Açores, para medir forças com o Lusitânia. João Batista e Ruca fizeram os golos que permitiram deixar para trás o conjunto que também atua na Liga 3 e, num piscar de olhos, os ‘malapeiros’ estavam nos ‘oitavos’ da prova rainha pela primeira vez. Mais uma equipa do terceiro escalão foi colocada na rota do São João de Ver, na eliminatória mais recente. Na deslocação ao reduto do Oliveira do Hospital, antes do Natal, um triunfo por 3-1, com golos de Daniel, Rafael Tavares e João Victor confirmou a campanha notável e colocou o plantel de 2024/25 nas páginas douradas da história do clube. Com um registo modesto na Taça de Portugal, o melhor que o emblema 'malapeiro', fundado em 1929, tinha conseguido na prova rainha havia sido chegar aos dezasseis avos de final, feito alcançado em três ocasiões (1998/99, 2011/12 e 2022/23). Segue-se agora o primeiro ‘gigante’ no caminho: o Rio Ave. A visita a Vila do Conde está marcada para dia 6 de fevereiro, e apoio não vai faltar aos ‘malapeiros’, que esperam cerca de 300 adeptos nos Arcos. Apesar de não ter saído em sorte um dos 'grandes' do futebol português - Sporting e Benfica estão ainda em prova -, que era o desejo de todos no clube, a equipa está motivada para o duelo com os rio-avistas, que, curiosamente, nunca defrontaram. Reforços de peso Depois da maré de lesões que prejudicou o São João de Ver numa fase precoce da época, o clube recebeu recentemente dois reforços importantes, para ajudar a equipa, não só numa prova exigente como a Liga 3 como também na Taça de Portugal. Rafael Viegas, brasileiro de 30 anos com experiência de Liga 2, chegou para dar mais opções à direita, e já somou minutos frente ao Trofense (1-0) e ao Fafe (4-1). Agostinho, extremo que representou o Felgueiras na primeira metade da época, é a outra cara nova do plantel. O guineense de 24 anos ainda procura somar os primeiros minutos com a camisola do São João de Ver. Já Léo Cá e Fábio Baldé, que estavam lesionados, encontram-se aptos, enquanto o experiente André Claro também poderá ser opção.
