Alexandrina Cruz apresentou-se na tarde deste sábado como candidata às eleições do Rio Ave. A atual responsável pela área financeira do emblema da caravela, com um passado de 19 anos em executivos dos vila-condenses, deu a conhecer a sua lista – destaque para o regresso de Henrique Maia à gestão do futebol profissional – e as suas linhas orientadoras, da qual faz parte um novo modelo de gestão em forma de SAD. - O facto de ser mulher provoca-lhe algum desafio extra, caso vença as eleições e venha a ser presidente do Rio Ave?- O meu orgulho e a minha grande responsabilidade estão com o Rio Ave, ser mulher ou homem, é exatamente igual. Não senti diferença alguma quando entrei para a Direção do Rio Ave, era a única mulher. Foi um trabalho espetacular durante estes anos, espero dar continuidade e trazer novos projetos. - O que a motivou para se candidatar à presidência do Rio Ave?- Sentir de que era possível mais. Depois da descida de divisão tivemos retrocesso grande no Rio Ave, financeiramente muito complicado, eram preciso ser dados passos em frente e e poir isso que aqui estou. - Quais são essas principais linhas de orientação?- Voltar a estar juntos com os adeptos, apostar na formação, mas essencialmente na consolidação financeira para termos resultados desportivos. É impossível dissociar um do outro. Procurarmos soluções financeiras para debelar este momento complicado. - No seu discurso abordou a possibilidade de mudança de SDUQ para SAD…- É isso que esperamos. Os sócios é que o vão fazer, por maioria qualificada, em assembleia Geral, mas neste momento tenho de ter a noção que é um momento muito delicado para o Rio Ave, arrastado pela descida de divisão. Mas também pela proibição de inscrição de jogadores. Estamos a procurar investidores, estamos a trabalhar há algum tempo nisso. Essa será uma das primeiras propostas. Se os sócios assim o entenderem… A Constituição de SAD única solução viável. O passivo é efetivamente preocupante. Tivemos cinco resultados consecutivos positivos, de lucro, estávamos no bom caminho, mas a descida de divisão atormentou-nos. Tínhamos em projeção a construção de bancada e, tal como outras iniciativas, ficaram paradas na gaveta com a descida de divisão. Na altura, tivemos o maior orçamento do Rio Ave e não vendemos jogadores nessa época. No ano seguinte demos tudo, gastámos tudo o que tínhamos para subir rapidamente, conseguimos, fomos campeões, mas financeiramente ficámos debilitados, com uma nova época sem vender jogadores. Na terceira temporada sem vender jogadores, só o empréstimo do Aziz foi a receita extraordinária. Agora, aproxima-se uma quarta época mais difícil ainda, pois não podemos vender jogadores já que precisamos deles para jogar. A SAD e a procura de um investidor apresenta-se como uma solução financeira, mas não só, representa também a evolução que queremos dar ao Rio ave e que o clube merece. - O Rio ave está impedido de registar novos contratos na sequência do caso Olinga. Como está essa situação?- Estamos impedidos desde a janela de inverno, recorremos, com julgamento a 5 de abril passado, e estamos à espera da resposta da FIFA. Poderíamos estar a trabalhar num plano A ou B. O plano A é o que estamos, é a não inscrição de jogadores, é nisto que estamos a trabalhar e foi com base nisto que fizemos a renovação de Luís Freire. São seis jogadores e a equipa técnica. Foi uma grande aquisição. Algumas renovações estão a acontecer, já com Vítor Gomes e Ukra, e outras estão em iminência. Até termos a respostas do TAD. - São 150 mil euros para levantar essa punição da FIFA?- Tem uma sanção financeira e uma outra desportiva. A financeira ronda esses valores, um bocadinho mais elevados. - Contará com a ajuda de Henrique Maia para a gestão do futebol profissional. Como vê este regresso?- O futebol é o negócio, é o foco. É uma grande aquisição. Já trabalhámos juntos, deposito enorme confiança nele. - Sente algum constrangimento por ser companheira de Miguel Ribeiro, presidente da SAD do Famalicão?- Nenhum problema. Sempre separei muito bem a vida privada da profissional. Não é assunto. Não é tema. Nenhuma. Se houver, será sempre para o Rio Ave ganhar. - Foi pacífica esta transição com António Silva Campos?-Mantenho uma ótima relação com António Siva Campos, que decidiu que chegou ao fim de um ciclo. Pretende abraçar o novo ciclo com a maior das responsabilidades.