Há poucos dias, terminou a guerra civil que assolava a Síria desde 2011, com a queda do regime de Bashar al-Assad. No momento em que começou, Rui Almeida era o treinador olímpico do país. Recorda o técnico que a sua equipa só fez jogos fora de casa e destaca a capacidade de «aligeirar e maximizar algumas questões» durante esse período, que lhe trouxe «uma bagagem humana». - O Rui trabalhava na Síria com a seleção olímpica do país quando rebentou a guerra civil. Como é que se prepara uma equipa? - Com muita adaptação. Eu já estou há seis meses no país quando explode a guerra. Em Damasco, nunca aconteceu nada. Fomos fazendo jogos sempre fora. Fazíamos jogos na Jordânia e no Irão, na altura. Mas com muita adaptação. Eu acho que foi essa capacidade de adaptação que depois me facilitou muito a minha vida, no Egito, na Argélia, na Arábia Saudita. Tivemos de ter essa capacidade tão grande para aligeirar e maximizar algumas questões e dar a nossa experiência profissional europeia para poder, com muito pouco, fazer algumas coisas. Nós batemo-nos até o fim. Fomos ao play-off final para a qualificação para os Jogos Olímpicos. Neste momento, olhar para os projetos tem a ver com algum realismo no sentido de perceber o que é que o clube quer de nós. Essa bagagem que trouxe dessas experiências todas, e a Síria foi acima de tudo uma bagagem humana, foi uma experiência humana muito grande também.