Depois de Vítor Pereira, Ivo Vieira, Luís Castro, Pepa e António Oliveira, que trocou Coritiba por Cuiabá, é a vez de mais um treinador português, Renato Paiva, treinador do Bahia, abandonar o futebol brasileiro apenas 10 meses depois de ter chegado. O pedido de demissão, ao fim da noite de quinta-feira, surpreendeu. Ou nem tanto. «Estou encantado com o Brasil, adoro este país, vim porque quis, mas é o único país em que chamam os treinadores de burro, já estive em Portugal, na Europa, no Equador e no México, nunca me chamaram de burro», desabafou Paiva, no dia seguinte ao empate em casa com o Vasco da Gama no domingo passado. Renato Paiva deixa o Bahia com 51 jogos realizados, 20 vitórias, 15 empates e 16 derrotas. Venceu o Baianão, foi eliminado logo no início da Copa do Nordeste, caiu nos penáltis para o Grêmio nos quartos de final da Copa do Brasil e seguia em 16º, imediatamente acima da zona de descida, no Brasileirão. Mas extracampo, nunca se adaptou às vaias e aos insultos dos adeptos, como na partida com o Vasco: “Chamaram-me de burro várias vezes por eu não utilizar o Juba, que fez dois treinos com o Bahia, dois treinos! Ele entrou e não conseguiu trocar passes mas o burro sou eu”. Semanas antes tivera discussão acesa com um jornalista na conferência de imprensa. Noutra ocasião revelou ofensas à filha nas redes sociais. «Na rua, felizmente, as pessoas têm sido maravilhosas mas há a parte feia de irem até a rede social da minha filha insultar-me. É muito feio. É muito feio fazer isso. A minha filha encaminhou-me umas mensagens muito feias. Volto a dizer, concentrem-se em mim», pediu. A imprensa baiana também lista pecados de Paiva, sobretudo em frente ao microfone. O treinador disse que não se preocupava com a demissão porque «quem manda no Bahia agora é o Grupo City» e afirmou-se «tranquilíssimo» após goleada na Copa do Nordeste ante o rival local Sport Recife, por 6-0. Divórcio acertado com um breve comunicado – «o Bahia comunica que Renato Paiva não é mais o técnico do Esquadrão (...) o profissional apresentou pedido de demissão» - ainda não há indicação de quem será o substituto de Paiva no comando do Tricolor, nem para que clube o treinador, que já passou por México e Equador, irá trabalhar a seguir.