A UEFA vai analisar esta semana três casos de clubes que participam nas competições europeias e que têm nas suas sociedades proprietário comum ou acionistas envolvidos na gestão, o que fere os regulamentos do organismo em matéria de integridade das competições. Um destes casos envolve o Vitória de Guimarães e o Aston Villa (ambos os clubes com participação de Nassef Sawiris e Wesley Edens, do fundo V Sports) e outros dois o Toulouse e o Milan (propriedade da RedBird Capital Partners) e o Brighton e o Union Saint-Gilloise (do empresário inglês Tony Bloom), de acordo com notícia do diário italiano Tuttosport. Para garantir a integridade das competições de clubes da UEFA (Champions, Liga Europa e Liga Conferência), a UEFA proíbe que dois clubes do mesmo dono, acionista maioritário ou com poderes de gestão se cruzem nas competições europeias (Artigo 5-integridade das competições/propriedade de vários clubes). Nassef Sawiris e Wesley Edens, os donos do Aston Villa, adquiriram em maio passado 46 por cento da SAD do Vitória e têm assento no conselho de Administração, por isso a situação enquadra-se na análise que a UEFA está a desenvolver. Apesar do presidente do Vitória, António Miguel Cardoso, ter uma leitura diferente do artigo 5, juristas consultados por A BOLA consideram ser irrelevante para a UEFA que o clube tenha posição maioritária na SAD e a V Sports minoritária, porque para todos os efeitos aqueles dois administradores têm funções na gestão do Vitória. Aston Villa e Vitória vão participar na Liga Conferência: os ingleses no play-off, os minhotos mais cedo, na 2.ª pré-eliminatória da prova. Contudo, no limite, se a UEFA decidir que um dos clubes não pode participar nas competições europeias em 2023/24, será o Aston Villa a saltar fora e não o Vitória. Isto porque no artigo 5.02, nos critérios aplicados aos clubes que não cumpram os «critérios destinados a assegurar a integridade da competição», o Vitória vê a sua posição europeia salvaguardada por ter terminado o campeonato nacional em sexto lugar, enquanto o Aston Villa ficou no sétimo posto na Premier League. Não podendo ser aplicado o primeiro critério - «O clube que se qualifica por mérito desportivo para a mais prestigiada competição de clubes da UEFA» – porque as equipas estão na mesma prova, a Liga Conferência, prevalece a segunda regra de eliminação - «O clube com melhor classificação no campeonato nacional que dá acesso à competição de clubes da UEFA relevante.» O crescente número de clubes com o mesmo proprietário ou com acionistas comuns ou com influência na gestão faz com que a UEFA medite sobre a possibilidade de abolir a regra «Temos de repensar esta regulamentação», assumiu o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, em entrevista ao programa de Gary Neville, no Youtube, juntando: «Há cada vez mais interesse neste tipo de propriedade. Não devíamos apenas dizer não à multi-propriedade de clubes. A decisão tem de ser rápida. Não estamos a pensar apenas no United [com duas propostas de compra de dois fundos]. Tivemos cinco ou seis donos que quiseram comprar outro clube. Temos de ver o que fazemos, debater e levar o assunto ao Comité Executivo. As opções são ficar como está ou permitir-lhes jogar as mesmas competições. Não tenho certezas.»