Quatro minutos alucinantes, da alegria à tristeza, da esperança à desilusão (crónica)
Aranda tem o 2-1 nos pés, mas Diogo Costa defende o penálti e evita o segundo do espanhol (grafislab)

Famalicão-FC Porto, 1-1 Quatro minutos alucinantes, da alegria à tristeza, da esperança à desilusão (crónica)

NACIONAL07.12.202423:26

Do 2-1 para o FC Porto aos 74’ à possibilidade de 2-1 para o Famalicão aos 78’, golo portista revertido em penálti para os minhotos que Aranda falhou. Pressão do dragão foi alta mas a resistência famalicense mais ainda. E os azuis e brancos não apanharam o Sporting…

Há quem diga que num momento de perigo, quando na hora do susto, a vida passa num minuto aos olhos de quem o vive. Ontem, em quatro minutos apenas, FC Porto e Famalicão viram as emoções passar pelos olhos e pelo coração como num flash, da explosão de alegria à tristeza, da esperança à desilusão.

Minuto 74: 1-1 no marcador, transição rapidíssima dos dragões, a terminar em Samu a marcar. O espanhol se rápido correu para a finalização ainda mais rápido o fez, alimentado pela adrenalina de ter bisado para a reviravolta, até aos adeptos para um abraço de êxtase. Estavam os azuis e brancos na frente. Mas… pára tudo! O futebol moderno tem VAR e nas imagens, antes do contra-ataque de costa a costa, Pepê pode ter cometido penálti. «Após revisão, o jogador número 11 joga a bola com a mão de forma não natural, decisão final: cancelar o golo e começar com pontapé de penálti», anunciou Luís Godinho.

Do 2-1 para o FC Porto para a possibilidade para o 2-1 para o Famalicão passaram quatro minutos. E se Samu viu o bis anulado, Aranda viu-o negado por Diogo Costa que defendeu a grande penalidade aos 78’. Ao fim de quatro minutos, as emoções foram muitas mas tudo ficou como estava: 1-1 que não se desfez até final. O jogo teve 90 minutos, mais compensação, mas resumiu-se nestes quatro, do sorriso e choro.

ANTES DISSO

Mas antes houve outro jogo e para os dragões os alarmes soaram ainda no aquecimento, quando Fábio Vieira se queixou da coxa esquerda, após um remate. Rodrigo Mora aqueceu à pressa, alteração de última hora em perspetiva, mas apenas susto que não se concretizou.

O que se concretizou foi então apenas uma alteração no onze portista. À partida, Vítor Bruno não contava com João Mário, lesionado, mas já tinha Alan Varela, regressado de castigo. Poderia esperar-se então que o treinador do FC Porto promovesse duas mudanças, mas optou por apenas uma, a obrigatória, relativamente ao encontro com  o Casa Pia (2-0). Entrou Martim Fernandes para a direita, começou Varela no banco, o que permitiu a continuidade de Eustáquio no meio-campo depois de um jogo em que teve atitude de verdadeiro capitão.

E num jogo em que os azuis e brancos passaram os primeiros 45 minutos no meio-campo adversário, Eustáquio teve papel importante: a descer para iniciar a construção, sobretudo a servir curto mas a experimentar também algum lançamento na procura da profundidade. Fábio Vieira, o tal que assustou mas acabou por ir a jogo com coxa elástica na perna esquerda, muitas vezes cedia a zona interior a Galeno e Pepê, movimentos que confundiam o bloco famalicense, baixo.

Durante a primeira meia-hora a pressão portistas chegou a ser asfixiante. Porque apenas aos 29’ o Famalicão conseguiu chegar à baliza de Diogo Costa (Zaydou ao lado). Antes, na sequência do ímpeto ofensiva portista, Fábio Viera (2’), Nico (3’), Galeno (11’ e 19’) e Pepê (24’) deixaram sensação de que mais cedo ou mais tarde a resistência famalicense iria render-se.

No Famalicão mudou o treinador, o interino Ricardo Silva no lugar de Armando Evangelista, mas nada mudou na equipa, os mesmos onze que iniciaram o encontro com o Estoril (1-2). Os dragões, vorazes para o ataque tiveram mais uma chance, Zlobin a ter de se esforçar aos pés de Francisco Moura. Mas o certo é que apesar da fome portista, as oportunidades não eram claras, incapazes de saciar a vontade de golo.

Os heróis da resistência libertaram-se ainda na primeira parte: na segunda chegada à baliza de Diogo Costa, permitida por um passe mal medido de Fábio Vieira, ataque rápido com o lance a decorrer da direita para a esquerda, Rochinha a cruzar, Diogo Costa a não segurar e no chão, oportuno, uma espécie de Homem Aranda a marcar. Balde de água fria azul e branca. Tanto tempo no meio-campo adversário e ida para o intervalo a perder…

RESPOSTA DE SAMU

Se foram gelados para as cabinas, cedo na segunda parte Samu aqueceu os dragões: golo aos 54’, livre da esquerda marcado por Pepê que Zlobin sacudiu para o peito do espanhol, que de pé direito atirou ao ângulo.

Havia quase toda a segunda parte para dar a volta. Ricardo Silva mexeu cedo, Mario González para a frente com Aranda a ser deslocado para a ala. Rodrigo Pinheiro também entrou. Os azuis e brancos sempre no desespero de mais um golo que tardava e que surgiu, o tal de Samu aos 74’… mas que não valeu. E o resto da história já aqui foi contada.

Vitor Bruno só depois mexeu, tarde ainda lançou Rodrigo Mora (81’), Iván Jaime (85’), Varela e Deniz Gul (90+2’). Mas a história não mudou. O treinador portista estava preocupado com os Messis do Famalicão: não os houve, Aranda não quis ser herói, mas houve homens da resistência a evitar a vitória portista, que assim não apanhou o Sporting na liderança.