Martín Anselmi está muito perto de ser anunciado como o próximo treinador do FC Porto, sucedendo a Vítor Bruno, despedido após a derrota diante do Gil Vicente (1-3). Apesar de ser o primeiro projeto em solo luso, este não será o primeiro capítulo da história entre o argentino de 39 anos e portugueses. De resto, esta, também, não será a primeira vez que o Anselmi irá suceder a um técnico português no comando de um clube. Corria o ano de 2022, quando Anselmi foi eleito pelo Independiente del Valle, do Equador, para suceder a Renato Paiva, que estava no emblema equatoriano desde 2021. Na altura, esta troca foi tudo menos pacífica, motivando várias acusações e críticas por parte do português e uma 'guerra de palavras' que A BOLA recorda agora. «Anselmi? Uma desilusão total...» Renato Paiva deixou o Independiente del Valle ao fim de um ano e meio ao comando do clube, em maio de 2022, depois de o Club León, do México, ter pago a cláusula de rescisão do técnico português. Nessa altura, a direção do clube equatoriano nomeou Martín Anselmi como novo treinador, depois de o argentino já ter passado pela equipa negríazul como adjunto entre 2019 e 2020. Depois da troca, o português acusou o sul-americano de, durante o tempo que esteve no Equador, ter querido, por diversas vezes, assumir o cargo de treinador da equipa de Sangolquí, chegando mesmo a descrever Anselmi como uma «desilusão total». «Anselmi? Como pessoa, uma desilusão total. Porque não vale tudo para estar no futebol e o Independiente del Valle tinha um treinador e ele era uma pessoa que tentava constantemente entrar no clube. O clube tinha um treinador e o treinador era eu», disse Renato Paiva numa entrevista à DSPORTS Ecuador a 30 de maio de 2022. «Era uma história que eu sabia que ia ser assim, o próximo treinador seria ele. Porque ele fez tudo e, em momentos muito feios, sobretudo quando estávamos a perder, fez tudo para poder entrar neste clube. Tenho de deixar isto público porque tudo foi feito nas minhas costas e isso é muito feio e acho que há ética e códigos de ética em todas as profissões», disse o português. Renato Paiva foi depois apresentado no Club León e, numa outra entrevista, concedida ao El Canal del Fútbol, deu mais pormenores sobre a sua insatisfação com o Independiente del Valle e Martín Anselmi: «Uma coisa que eu nunca faria a um colega meu. Nunca. Tive uma proposta de um clube que ainda tinha um treinador, que estava a falar em sair, e eu fui a primeira pessoa a enviar-lhe uma mensagem para lhe dizer o que se estava a passar, e se esse homem fizer isso, fico feliz da vida, mas para mim, foi uma falta de respeito.» «Se eu não vos disser isto, estou a fazer figura de parvo. Sou uma pessoa educada, respeitadora e não me confundam com uma pessoa parva. Porque eu fui feito parvo durante algum tempo e sabia, mas mantive-me calado para não criar problemas, para que o clube continuasse com estabilidade, mas entre as pessoas do clube, das diferentes áreas do clube, alguns jogadores, treinadores e um ou outro jornalista, todas as pessoas sabiam disto» disse. «Não o conheço» Um dia após as primeiras declarações de Renato Paiva, Martín Anselmi foi oficialmente apresentado como treinador do Independiente del Valle e, em conferência de imprensa, não quis responder às acusações do português: «Não estou interessado em guerras públicas. Fui ensinado em criança a não falar mal das pessoas, muito menos de pessoas que não conheço. Não posso falar dele, porque não o conheço.» «Queríamos tomar um café com a equipa técnica anterior, porque gostávamos do seu trabalho e queríamos absorver o assunto para continuar o trabalho. Agora percebo porque é que não tomámos esse café...», lamentou Anselmi, que venceu três títulos ao serviço dos equatorianos - Copa Sudamericana, Recopa Sudamericana (contra o Flamengo, de Vítor Pereira), Taça do Equador e a Supertaça do Equador - entre 2022 e 2023. Águas passadas Já mais recentemente, quando orientava o Toluca, Renato Paiva, em entrevista à ESPN, salientou que a 'guerra' com Anselmi estava no passado e vincou o respeito que tem pelo argentino, enquanto treinador: «É um tema do passado. Na altura, disse o que tinha a dizer. Passou muito tempo, as coisas estão na mesma e por isso não vou alimentar polémicas, mexericos ou confusões. Vou estar muito calmo e fazer o meu trabalho. Na altura, fui muito claro. Não vou voltar a esse assunto.» «Nunca me pronunciei sobre o Anselmi como treinador. Atenção, nunca. Acredito que os treinadores, o seu trabalho fala por eles. Ele veio para cá [México] e fez o trabalho que está a fazer no Cruz Azul, o que mostra que é um excelente treinador. Falei de algo pessoal que senti na pele como treinador profissional. Acho que o trabalho do Anselmi é visível e é muito bom», concluiu Renato Paiva.