Futebol Feminino Por mares nunca dantes navegados: a despedida da Seleção (fotos)

FUTEBOL FEMININO11.07.202301:19

Foram doses gigantescas de energia para acumular nas baterias e deixar as jogadoras da Seleção Nacional com um sem fim de boas recordações que podem ser usadas como força motivacional antes da entrada na partida de estreia no Mundial, dia 23, pelas 8.30 horas, frente aos Países Baixos.


Uma maratona de beijos, abraços, selfies e mensagens de incentivo que começaram no Palácio de Beléme terminaram no aeroporto Humberto Delgado, onde as Navegadoras iniciaram um voo com escala no Dubai e que só terminará muito depois de estas páginas estarem em banca.


As horas antes da partida para o outro lado do mundo tiveram muito de simbólico e psicológico. Pode a estratégia estar preparada, o plano de treinos delineado, o trabalho dos fisiologistas determinado, a ementa escrita pelos nutricionistas ou mesmo as metas de sono a cumprir para adaptação ao jet lag definidas, mas nenhum grupo resiste se a saúde mental não for previamente acautelada. E houve esse cuidado.


O momento mais alto deu-se à tarde, na Cidade do Futebol. O treino, o último em solo nacional, teve direito a enchente na bancada. Um grupo de crianças de uma academia de Sassoeiros, do concelho de Cascais, trouxe muita cor e ruído e as famílias das futebolistas também não faltaram à chamada. Uma sobrelotação do espaço, proporcional ao desejo de ajudar.


No final da sessão houve autorização para a confraternização entre jogadoras e respetivas famílias, situação extensível aos elementos da equipa técnica. Ninguém que viva em território continental falhou o encontro. Familiares que fizeram algumas centenas de quilómetros no mesmo dia, como os de Rute Costa, guarda-redes natural de Barcelos. Todos, sem exceção, ajudaram a criar uma densa onda de apoio.


Bicho competitivo
Apesar de iniciantes em Mundiais, as futebolistas exibiram sempre um comportamento muito profissional, como que transmitindo a imagem de que queriam embarcar o mais depressa possível. As emoções estavam latentes, mas não em excesso, provavelmente porque o bicho competitivo que habita em cada uma delas fala neste momento mais alto.


A Federação Portuguesa de Futebol preparou o terreno para um adeus apoteótico: autocarro parado na perpendicular, ajudando a formar um delta, e onde todas as jogadoras se perfilaram para ouvir o Hino de Portugal tocado pelas bandas filarmónicas dos três ramos das Forças Armadas, Exército, Força Aérea e Marinha. Tempo ainda houve para a entrega de uma lembrança em nome do Chefe do Estado Maior-General das Forças Armadas. Sinais e rituais para mostrar que o País está representado ao mais alto nível.  


Com famílias, amigos e apoiantes no lado de lá das baias, as jogadoras fizeram os últimos acenos a lembrar a despedida das grandes armadas antes de darem início a longas jornadas. Se ainda tivessem dúvidas, as futebolistas lideradas por Francisco Neto ficaram esta segunda-feira a saber que estes movimentos cénicos não são obra do acaso. Se receberam o nome de Navegadoras é porque há uma mensagem histórica muito implícita: a vontade de fazer algo que nunca foi feito! 

Veja em cima as fotos antes da partida