«Policiamento? Clubes podem ser punidos com derrota se não houver jogo europeu»
Estádio Municipal de Famalicão não foi palco do jogo da 20.ª jornada com o Sporting devido à falta de polícia (IMAGO)

«Policiamento? Clubes podem ser punidos com derrota se não houver jogo europeu»

NACIONAL07.02.202410:09

Líder da Associação Portuguesa de Direito Desportivo antecipa consequências

O líder da Associação Portuguesa de Direito Desportivo, José Miguel Albuquerque, reconhece que a falta de policiamento nos estádios em provas da UEFA pode ter consequências para as equipas portuguesas.

«Antecipo como possibilidade que os clubes possam vir a ser punidos com a sanção de derrota se não houver um jogo em Portugal a contar para qualquer competição europeia por ausência de policiamento», disse à Lusa o advogado.

«Isso implicaria mexer com os calendários de equipas que jogam noutros campeonatos, mas que não terão necessariamente de se reajustar. Acredito que seja possível que a competição pura e simplesmente siga em frente. Não é que fosse o cenário ideal, mas também não vejo solução», acrescentou.

As declarações surgem depois do adiamento do Famalicão-Sporting, para a Liga, por falta de elementos da PSP, e antes dos compromissos europeus das equipas lusas em casa: FC Porto-Arsenal (dia 21, Champions), Benfica-Toulouse e SC Braga-Qarabag (ambos a 15, Liga Europa) – o Sporting visita o Young Boys.

Caso a falta de policiamento se estenda a estes jogos, José Miguel Albuquerque não espera flexibilidade da UEFA, recordando o caso do Tottenham, que em 2021/22 falhou o jogo com o Rennes devido a um surto de Covid-19 e viu o organismo punir o clube com derrota por impossibilidade de reagendamento.

«A UEFA é bastante mais inflexível nestas questões de disciplina. Se não dá, não dá, os clubes são sancionados assim e seguimos em frente. É óbvio que, depois, haveria muita discussão sobre se os clubes tinham culpa e o que podiam fazer. Penso que estamos a navegar num cenário bastante improvável [em termos continentais], mas não sei se será assim tão improvável a não realização de mais jogos de várias provas no país», sublinhou.

«As forças da autoridade podem e devem fazer lutas pelos direitos que entenderem, mas poderiam ter feito isso de outra forma, nomeadamente antecipando logo que não haveria jogo nem polícias destacados, pelo que nem valeria a pena alguém se dirigir para ali. Se calhar, teríamos evitado alguns dos problemas e imagens que vimos. Não quero com isto dizer que a ausência de polícias justifica aqueles comportamentos. É óbvio que não, mas teríamos evitado toda a deslocação dessa massa de pessoas para um sítio que se torna rapidamente num contexto de risco e insegurança», acrescentou.