No dia 21 de março de 2009, na segunda final da história da Taça da Liga, o Benfica derrotou o Sporting, nas grandes penalidades, após um empate a uma bola, no Algarve, mas o jogo ficou marcado pelo pontapé de penálti assinalado a favor das águias. Na altura, os leões ganhavam, graças ao golo de Bruno Pereirinha (48’), mas Lucílio Batista, o árbitro principal do encontro, expulsou Pedro Silva, por suposta mão na bola e acumulação de amarelos, e deu penálti a Reyes, que o converteu, ao minuto 75. Quase 16 anos depois, em vésperas de novo dérbi lisboeta na competição, o antigo defesa leonino recordou o momento, em entrevista à Lusa, e perdoou a equipa de arbitragem pelo sucedido: «Temos de perdoar sempre o erro do ser humano, até porque sabemos que ele não quis cometê-lo. Certamente, se houvesse VAR naquele momento, o lance seria revertido, mas não foi. Paciência, já passou. Acredito que o Lucílio Batista reconheceu o erro. Espero que esteja bem e que possa assistir à final de sábado e torça pelo Sporting.» «Lembro-me de ter falado com o árbitro, dizendo-lhe que iria perceber depois do jogo que tinha cometido um erro gravíssimo, mas que ainda poderia corrigi-lo naquele momento. O erro pode tê-lo prejudicado, mas foi ainda mais prejudicial para nós. Ficámos chateados, tristes e guardámos um pouco de mágoa, principalmente pelos adeptos e pelo momento que estávamos a viver. O Benfica tinha uma equipa espetacular e grandes futebolistas naquela época, mas o Sporting também. Estava a ser um jogo muito bonito», lembrou, lamentando o facto de não ter conquistado aquele título pelo clube. «É uma tristeza grande, porque trabalhámos e dedicámo-nos a vida inteira para chegar a um momento desses e torcemos para que seja um jogo limpo, mas aconteceu um erro e perdeu-se um troféu. Passaram mil coisas pela cabeça e, às vezes, culpamo-nos por um erro que não fizemos. Já lá vão vários anos e não consigo esquecer esta derrota», explicou, revelando o que fez com a medalha de segundo classificado. «Não me lembro de quem me entregou a medalha, mas disse que, na verdade, tinha de ser uma de vencedor. Responderam-me que eu tinha de aceitar a derrota e que, quando um jogador perde, não reconhece a vitória do adversário. Foi nesse momento que fiquei chateado, assumi que aquela medalha jamais entraria na minha casa e atirei-a», disse, sendo que Paulinho, o roupeiro, acabou por a guardar no seu balneário, após a tentativa falhada de a devolver. Pedro Silva ainda relembrou a conversa que teve com o árbitro, logo depois do jogo: «Conversámos um pouco. Ele pediu-me desculpa e reconheceu que errou, afirmando ter sido um lance rápido, em que havia poucos segundos para decidir e optou por marcar a grande penalidade. Disse-lhe algumas coisas, mas enfim, acabei por perdoar-lhe. Demos um aperto de mão e seguiu cada um o seu caminho.» Curiosamente, esse momento aconteceu numa disputa de bola com… Di María, uma das figuras principais atuais do Benfica, atualmente, a quem o brasileiro só tem elogios para dar: «O Ángel Di María está entre os maiores e melhores do futebol mundial. A carreira dele é espetacular. É campeão do mundo e fez agora dois golos ao SC Braga. Sabemos que é o principal jogador do Benfica, mas o Sporting tem uma equipa sólida e forte. Não tive assim tanta sorte quando defrontei o Di María, mas espero que o Sporting consiga fazer um grande jogo.»