Entre idas e vindas, despedimentos e pedidos de demissão, vaias e aplausos, o batalhão de treinadores portugueses no Brasileirão passou de sete para cinco membros na semana em que Pepa foi despedido do Cruzeiro e Renato Paiva pediu demissão do Bahia. Pelo meio, até o líder, Bruno Lage, do Botafogo, colocou o lugar à disposição após a primeira derrota no campeonato, acrescentando turbulência a um futebol já turbulento por natureza. Mas qual é o ponto da situação dos sobreviventes? Abel Ferreira, do Palmeiras, não tem nada a temer. Pluricampeão, é o mais direto, ainda que longínquo, perseguidor do Fogão no Brasileirão e está nas meias finais da Taça dos Libertadores, em busca do terceiro troféu na prova e na época, porque já conquistou Paulistão e Supertaça. «O Palmeiras compete, joga vertical, procura o golo», disse, ao Charla Podcast, o treinador Celso Roth. Gaúcho, isto é, natural do estado do Rio Grande do Sul, Roth completou com o maior elogio que um gaúcho pode fazer: «O Abel é o português mais gaúcho que tem!». Bruno Lage lida com a desconfortável posição de pegar, a meio do campeonato, numa equipa em primeiro lugar: só pode piorar. Lage não piorou o trabalho do compatriota Luís Castro mas vive sob essa pressão como prova a extemporânea ideia de colocar o cargo à disposição à primeira derrota, com o Flamengo, sábado passado. «A pressão que ele sente é dele próprio em cima dele, não aguenta a pancada, não aguenta a responsabilidade de pegar uma equipa voando, que se oscila é muito em função das ideias dele», defendeu Eugênio Leal, comentador da ESPN Brasil. Em clubes de fora do eixo São Paulo-Rio de Janeiro, sem a mesma pressão mediática mas igualmente sob o escrutínio de adeptos por vezes sem noção das limitações do próprio clube, Pedro Caixinha, do Red Bull Bragantino (sexto no Brasileirão), António Oliveira, do Cuiabá (10º), e Armando Evangelista, do Goiás (15º), estão seguros. «Seguros enquanto os resultados o permitirem porque o Brasil é um lugar de loucos e os portugueses estão a entender isso agora», diz Paulo Vinícius Coelho, colunista do jornal Folha de S. Paulo, a A BOLA. «Nos últimos dias, o Renato Paiva enfrentou um cartaz onde aparece uma fotografia dele desenhada dentro de um burro», continua o jornalista também do portal UOL e do streaming Paramount. «O Brasil precisa melhorar muito nessa relação de respeito com os profissionais, enquanto não houver mais respeito, vão continuar a chegar treinadores portugueses e a espantarem-se com a falta de respeito, como o Paiva, no caso, mas também o Lage, o Pepa, o Luís Castro e outros que saíram, os torcedores precisam de se mais justos». Os sobreviventes BRUNO LAGE (Botafogo)Posição no Brasileirão: 1ºOutras competições: foi eliminado nos quartos de final da Copa Sul AmericanaNo clube desde: julho de 2023Nota: substituiu o compatriota Luís Castro à 16ª jornada com 12 pontos de vantagem (agora tem 10). Sob Castro, o Fogão caiu nos oitavos da Copa do Brasil e ficou em quinto no Cariocão ABEL FERREIRA (Palmeiras)Posição no Brasileirão: 2º Outras competições: está nas meias finais da Libertadores, foi eliminado nos quartos de final da Copa do Brasil, ganhou Paulistão e Supertaça do BrasilNo clube desde: outubro de 2020Nota: soma oito títulos no Verdão, incluindo um Brasileirão e duas Libertadores PEDRO CAIXINHA (Red Bull Bragantino) Posição no Brasileirão: 6ºOutras competições: foi eliminado na segunda fase da Copa do Brasil, nos oitavos de final da Sul-americana e nas meias finais do PaulistãoNo clube desde: dezembro de 2022 ANTÓNIO OLIVEIRA (Cuiabá)Posição no Brasileirão: 10ºOutras competições: - No clube desde: maio de 2023Nota 1: substituiu o compatriota Ivo Vieira à 5ª jornada, com a equipa em 17º e eliminada da Copa do Brasil. Vieira, entretanto, venceu o estadual mato-grossenseNota 2: iniciou o Brasileirão no Coritiba mas saiu logo na 1ª jornada ARMANDO EVANGELISTA (Goiás)Posição no Brasileirão: 15ºOutras competições: foi eliminado nos oitavos de final da Copa Sul AmericanaNo clube desde: junho de 2023 Nota: substituiu Emerson Ávila à 9ª jornada, com a equipa em 17º e eliminada da Copa do Brasil