São já quatro os jogadores envolvidos no mais recente esquema de apostas no futebol italiano. Depois de Nicolò Fagioli (Juventus), Sandro Tonali (Newcastle) e Nicolò Zaniolo (Aston Villa) terem sido denunciados às autoridades, no início de agosto, pelo antigo paparazzo Fabrizio Corona, por estarem alegadamente envolvidos em apostas ilegais, esta sexta-feira surgiu mais um nome: Nicola Zalewski, jovem médio da Roma de José Mourinho, com nacionalidade polaca e italiana. Tudo começou quando Fabrizio Corona, 49 anos, revelou os primeiros dados relativamente a jogadores envolvidos. «Os implicados não são apenas Tonali e Zaniolo. Existem também outros desportistas, não somente jogadores de futebol. A Juventus sabe de Fagioli desde 1 de agosto, tanto que na digressão aos Estados Unidos inventaram uma desculpa para não o levarem. Não o denunciaram às autoridades judiciais, o que é um delito muito grave. Estou a fazer uma investigação limpa e estou a colaborar com a justiça. O crime organizado está envolvido», disse Corona, em declarações ao Sport Italia, há dois dias. E era verdade. A Juventus tinha previsto realizar três jogos de preparação nos EUA no arranque de 2023/2024: a 22 de julho com o Barcelona, em Santa Clara (acabaria por ser cancelado), a 27 de julho com o Milan em Carson e a 2 de agosto com o Real Madrid em Orlando. Massimiliano Allegri, treinador dos rossoneri, nem sequer convocou Fagioli para a digressão. Tal como Fabrizio Corona anunciara. Segundo a generalidade da comunicação social italiana, o médio da Juventus terá uma dívida de um milhão de euros devido ao vício das apostas, a chamada ludopatia. Ora, de acordo com o site Capology, especializado em revelar os ordenados dos jogadores, Fagioli aufere 1,8 M€ por ano. Por seu turno, Zaniolo terá feito uma aposta relativa a um jogo da Roma, clube que representou de 2018 a 2023, numa partida da Taça de Itália; a aposta, segundo Corona, foi feita com o jogador sentado no banco de suplentes desse jogo. Zaniolo e Tonali estavam integrados no estágio da Seleção italiana, em Coverciano, convocados por Luciano Spaletti tendo em vista os jogos com Malta e Inglaterra de qualificação para a fase final do Euro-2024, mas tiveram de abandonar a concentração para serem interrogados pela polícia. Depois, o selecionador dispensou-os e substituiu-os por Samuele Ricci e Stephan El Shaarawy. «A Federação informa que, à última hora, a Polícia Fiscal de Turim notificou os jogadores Sandro Tonali e Nicolò Zaniolo, atualmente a treinarem-se com a seleção nacional no Centro Técnico Federal de Coverciano. Independentemente da natureza dos atos, consideramos que, perante esta situação, os dois jogadores não se encontram nas condições necessárias para enfrentar os compromissos previstos para os próximos dias, embora a federação tenha decidido protegê-los e permitir que voltem às atividades nos respetivos clubes», anunciou a Federazione Italiana Giuoco Calcio. Também a Juventus, em comunicado oficial, abordou o assunto: «Em relação ao que foi noticiado por alguns meios de comunicação, a Juventus FC especifica que, assim que recebeu a notícia do possível envolvimento do seu membro Nicolò Fagioli no tema das apostas, contactou imediata e prontamente o Ministério Público Federal da FIGC» «Só jogámos poker e blackjack», terão dito Zaniolo e Tonali aos investigadores, segundo o jornal La Repubblica. Ambos admitiram apostar em plataformas ilegais, mas nunca, segundo referiram, apostaram em jogos de futebol. Zaniolo e Tonali acrescentaram que não tiveram qualquer conversa com Nicoló Fagioli relativamente a apostas desportivas on-line. Os telemóveis e os tablets de ambos foram apreendidos. O La Repubblica adiantou ainda haver mais 10 jogadores da Serie A implicados. Caso sejam considerados culpados, Sandro Tonali, Nicolò Zaniolo e Nicolò Fagioli poderão ser condenados a três anos de suspensão da atividade futebolística e a 25 mil euros de multa. Zaniolo já regressou a Inglaterra, enquanto Tonali passou por Milão para falar com os seus advogados. O jogador do Aston Villa quer voltar aos treinos o mais rápido possível para afastar mais pensamentos negativos de um caso para o qual ainda há muitas respostas a serem obtidas. Ciclicamente, quase como um relógio suíço, o futebol italiano é assolado por escândalos. Do Totonero (1979/1980) ao Calciopoli (2005/2006), do Scommessopoli (2011/2012) ao Plusvalenza (2022/2023). Agora são as apostas online ilegais...
