Em nota enviada ao final da tarde desta quinta-feira às redações e intitulada «Sentido de responsabilidade», o presidente da Liga, Pedro Proença, reagiu aos «acontecimentos da véspera» - as buscas efetuadas quarta-feira nas SAD de Benfica, FC Porto e Sporting, bem como nos escritórios de agentes e casas de alguns jogadores cujos contratos estão na mira da Autoridade Tributária (AT) – pedindo «celeridade» e «descrição ao sistema judicial», e que, como é intrínseco, seja igual para todos. O eco mediático que a alegada fuga ao fisco, num total que pode ascender a €58 M, que os mais de uma centena de inspetores das autoridades levaram a efeito e tentaram apurar, visando os principais atores e agentes do futebol português, levaram Pedro Proença a agir, de forma sensível, a recordar a importância global e os números de peso do ‘negócio futebol profissional’ no global da economia portuguesa. «O futebol profissional contribuiu com mais de €600 M para o Produto Interno Bruto (PIB), gerando mais de 3.500 postos de trabalho e contribuindo com uma receita fiscal superior a €200 M/ano», recorda o representante da Liga, após ser já do domínio público, e confirmado pelas próprias, que as SAD dos ‘três grandes’ foram constituídas como arguidas no âmbito da famigerada ‘Operação Penálti’. E recorda Pedro Proença que esta investigação agrava «um clima de suspeição que afeta a imagem e a credibilidade da indústria, com evidentes e inegáveis prejuízos, reputacionais e financeiros» para todos os envolvidos. Leia, na íntegra, a mensagem de Pedro Proença, esta quinta-feira: «Sentido de responsabilidade – Mensagem do Presidente da Liga Portugal O Futebol Profissional contribui com mais de 600 milhões de euros para o Produto Interno Bruto, gerando mais de 3.500 postos de trabalho e contribuindo com uma receita fiscal superior a 200 milhões de euros por ano. Tem dado provas de uma cada vez maior transparência, implementando um conjunto de normas e mecanismos de fiscalização e controlo que não encontram paralelo em muitos outros setores de atividade. As contas das nossas Sociedades Desportivas são, hoje, escrutinadas de forma regular e rigorosa. Muitas delas, cotadas em bolsa, são auditadas por entidades independentes. Temos assumido o nosso papel na discussão de matérias verdadeiramente relevantes para a transparência do Futebol Profissional, como é o caso do novo Regime Jurídico das Sociedades Desportivas, apresentando, em sede própria, propostas que visam o reforço e efetividade do escrutínio dos investidores e da atividade das Sociedades Desportivas. Assumimos a luta pela celeridade processual no âmbito da Justiça Desportiva, com resultados já bastante evidentes. Estamos cientes de que uma Justiça Desportiva célere é o garante de competições transparentes, justas e desportivamente verdadeiras. Temos, portanto, assumido a nossa responsabilidade. O esforço que temos efetuado na construção de um Futebol Profissional mais transparente tem sido, contudo, afetado por um conjunto de diligências que se eternizam no tempo sem decisões finais – e estamos, nalguns casos, a falar de matérias que se arrastam há quase dez anos –, gerando um clima de suspeição que afeta a imagem e a credibilidade da indústria, com evidentes e inegáveis prejuízos, reputacionais e financeiros. O Futebol Profissional não está acima da Lei. Nem está contra a ação da Justiça e das autoridades que têm o dever de aplicá-la. Mas a presunção de inocência, o direito ao tratamento discreto de litígios ou a faculdade de dirimir em sede própria entendimentos distintos em matéria fiscal, ou outra, são princípios inalienáveis a qualquer cidadão ou setor de atividade. O Futebol Profissional não é exceção e merece da Justiça aquilo que a Justiça deve assegurar a todos: efetividade, discrição, celeridade, igualdade e respeito pelas garantias constitucionais. Só com estas garantias poderemos continuar a assegurar as condições necessárias a um Futebol Profissional mais forte, capaz de atrair investimento e de atenuar as desvantagens competitivas que persistem para os nossos principais concorrentes. Só com sentido de responsabilidade poderemos assegurar que não condenamos publicamente, e sem direito a julgamento ou a defesa, marcas e referências que, com o seu empenho, profissionalismo e talento, transformaram o Futebol na maior bandeira de Portugal no Mundo. Os acontecimentos que vieram a público no dia de ontem, independentemente do seu desfecho, devem fazer-nos refletir seriamente sobre se um sistema judicial que não atue de forma discreta e decida de forma célere, perpetuando dessa forma as suspeições, pode ser verdadeiramente justo e eficaz.»