Deslocação dos Camarões a África do Sul para defrontar o Essuatíni repleta de peripécias, com longa espera no aeroporto, charter a aterrar longe do destino e os jogadores a entrarem no hotel às 3 da madrugada, após exaustiva viagem de autocarro que durou cerca de cinco horas
A estreia de Danny Namaso na seleção dos Camarões foi um momento marcante para o avançado do FC Porto, ainda que envolto em circunstâncias bastante peculiares e desafiantes. No empate sem golos frente à seleção do Essuatíni, um adversário modesto, Namaso foi lançado ao intervalo, deixando boas indicações em campo. Apesar do resultado dececionante, este jogo ficará certamente na memória do jogador portista.
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Contudo, o que marcou, verdadeiramente, esta experiência foram os episódios atribulados que antecederam a partida para a África do Sul, evidenciando sérios problemas de organização e comunicação entre a Federação Camaronesa e o Ministério do Desporto.
A viagem para Mbombela, cidade sul-africana que acolheu o jogo de qualificação para o Mundial devido à falta de condições adequadas no Essuatíni, foi tudo menos tranquila. A comitiva camaronesa chegou ao destino às 3 da manhã do dia do jogo, sem tempo para descansar ou realizar o habitual treino de reconhecimento do relvado e da iluminação do estádio.
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Os problemas começaram ainda em Iaundé, capital dos Camarões: o voo fretado sofreu um atraso significativo, aparentemente devido a questões relacionadas com o passaporte de um jogador. Este atraso impediu a aterragem do charter em Mbombela, cujo aeroporto encerra às 18 horas. Como alternativa, a equipa seguiu para Joanesburgo, cidade na qual enfrentou controlos alfandegários demorados e burocracias adicionais.
Já em Joanesburgo, o presidente da Federação, Samuel Eto’o, sugeriu que a equipa pernoitasse na cidade, mas os jogadores e o selecionador, Marc Brys, optaram por seguir de imediato para Mbombela. A decisão resultou numa viagem de autocarro de 5 horas e 380 quilómetros, que deixou a equipa extremamente fatigada.
Marc Brys justificou o empate com as condições adversas vividas pelos atletas: «É verdade que era um adversário que devíamos vencer. Mas houve fatores antes do jogo que nos condicionaram. Não pudemos treinar, temos quatro novos jogadores que nunca vi em campo e estivemos presos de movimentos e não foi por acaso que isso aconteceu. Passámos quatro horas no aeroporto, viajámos tarde e chegámos cansados. Isso afetou os jogadores.»
O empate frente à 159.ª seleção do ranking FIFA foi um resultado aquém do esperado para os Camarões, atualmente na 49.ª posição. Ainda assim, a estreia de Namaso foi um ponto positivo num contexto tão difícil. Terça-feira, os Camarões recebem a Líbia, às 19 horas, num jogo que, espera-se, seja mais tranquilo em termos logísticos para o portista e os restantes companheiros.