Dia 1 de Rui Borges no Sporting. Um dia inteiro para o novo treinador sentir o clube, para se dar a conhecer ao público e sobretudo aos jogadores, aqueles mesmos que passam por uma crise de confiança impensável há mês e meio, quando eram apontados como os melhores desta liga, os campeões e líderes de Portugal. A saída de Ruben Amorim e a chegada de João Pereira marcou a quebra, a perda da liderança e da confiança acumulada pelos sucessos. Por isso neste dia de arranque de nova era, apelo à união nas palavras e nos atos, num dia que começou cedo com a oficialização e apresentação do novo treinador e terminou com um treino onde os jogadores já sentiram a forma de trabalhar do técnico. E acolheram bem as suas ideias. Aí está Rui Borges em ação, no terreno. O novo treinador do Sporting já orientou o primeiro treino da equipa leonina, com o dérbi com o Benfica no horizonte — domingo às 20h30 em Alvalade. E foi um Rui Borges muito ativo na Academia Cristiano Ronaldo, em Alcochete, na sessão de trabalho de ontem à tarde. Treinador diferente, forma de trabalhar diferente. Rui Borges pediu uma equipa mais agressiva com e sem bola, mais pressionante e a procurar sempre a baliza. Mais pragmática no ataque. Foram estas as principais notas do primeiro treino de Rui Borges, que tem apenas mais duas sessões de trabalho para preparar o dérbi. Os jogadores, apurou A BOLA, acolheram bem as ideias de Rui Borges, que não promoveu ainda conversas individuais, mas falou ao grupo no auditório do centro de treinos dos leões, depois do diretor desportivo Hugo Viana ter usado da palavra. E a palavra de ordem foi união. «Gosto de perceber os jogadores. Sou uma pessoa muito de sentimento, de perceber naquilo que é observar, sentir, conversar, conhecer a personalidade, caráter, aquilo em que se sentem mais à vontade, aquilo que se sentem menos confortáveis. Dentro de uma ideia, quero é tirar o melhor rendimento de cada um. Por isso, o meu foco é muito esse. Aproveitamos sempre algo, porque ninguém é melhor que ninguém, ninguém é superior a ninguém, ninguém sabe tudo aqui. Estamos aqui a aprender todos os dias, por isso aprendemos uns com os outros», dissera Rui Borges na apresentação em Alvalade, logo pela manhã. E foi isso que fez assim que chegou a Alcochete. Na Academia, viu os cantos à casa, cumprimentou staff e jogadores que foram mais cedo do que o normal para o centro de treinos num dia de treino vespertino. Almoçaram juntos com a nova equipa técnica, estreitaram laços e deram abraços de união. A hora é de reagir. LESÕES E JOVENS CHAMADOS Para o dérbi, no entanto, os leões têm ainda cinco baixas por lesão: Nuno Santos, Pedro Gonçalves, Morita, Daniel Bragança e Gonçalo Inácio. Os dois primeiros estão fora do encontro, os outros ainda têm esperança de poder defrontar o Benfica. «Na Academia Cristiano Ronaldo, em Alcochete, o técnico chamou os jovens Eduardo Felícissimo, Henrique Arreiol, Mauro Couto e Miguel Alves aos trabalhos de preparação para a receção ao Benfica», anunciaram os verdes e brancos em nota oficial. Apesar das dificuldades e do calendário, Rui Borges sabe ao que foi e sabe que depois do dérbi há V. Guimarães e FC na Taça da Liga. Mas «o foco é o Benfica, só e apenas, é o próximo». «Nos outros jogos não vale a pena pensar. Quem pensar muito à frente não vai estar focado naquilo que é o imediato, naquilo que é importante e o importante é estarmos focados nestes três dias, tentarmos ao máximo passar algumas ideias próprias da equipa técnica aos jogadores, consegui-los fazer acreditar, conseguir fazê-los entender, tentar passar pouca informação mas informação certa, porque nesta fase se passarmos demasiada informação nada fica. Por isso é focar muito nisso que é o imediato e o imediato é o Benfica e é isso que me guia», dissera Rui Borges de manhã em Alvalade. De tarde começou a pôr tudo em prática.