1. A Champions A Liga dos Campeões é uma das competições de clubes mais prestigiadas, senão a mais prestigiada, do mundo. O SC Braga ganhou o estatuto, com todo o mérito, de pertencer, nesta época desportiva, a este grupo restrito, elevando o nome do clube e da cidade. Contudo, para além do enorme esforço para atingir este objetivo, o comprometimento e a qualidade de jogo para se manter neste grupo é exponencialmente maior. Artur Jorge esteve bem ao distinguir ambição de obrigação. E neste capítulo, só se poderá enaltecer a qualidade demonstrada pelo SC Braga, desafiando constantemente o campeão italiano. Num jogo de excelência digno deste nível competitivo. 2. A obrigação Apesar do SC Braga estar inserido num grupo de elevada dificuldade, a obrigação, quando defrontar os restantes adversários, é de expressar todo o seu potencial, sem inibição ou constrangimento. Independentemente da sorte e do azar, contraposto pelos deuses do futebol, seja com bolas nos postes ou autogolos. A preocupação de uma equipa é controlar o melhor possível o que pode controlar, o que não controla não é motivo para deceção, porque os guerreiros nunca desistem. 3. A organização O SC Braga, mantendo a sua identidade, ajustou-se e atemorizou o adversário. Partindo de uma estrutura base 4x3x3, por vezes fundia-se num 4x2(Vítor e Al Musrati)x3x1. Efetuando ações ofensivas de curta duração, tirando partido da variação do centro de jogo de Al Musrati e da velocidade de Djaló. Contudo, o Nápoles na 1.ª parte controlou (diferente de dominar) o jogo, procurou reduzir o ritmo, depois de 15 minutos de velocidade e emoção, em que a bola poderia ter entrado em qualquer uma das duas balizas. Por questões estratégicas, em que provavelmente a chuva também teve algum impacto, ambas as equipas estabeleceram blocos defensivos médios e baixos. Evitando-se assim que a imprevisibilidade de jogo, agravada pelas condições climatéricas, o tornasse ainda mais imprevisível. 4. A reação Saindo para o intervalo em desvantagem, no último minuto da 1.ª parte, perspetivava-se como seria a reação do SC Braga na 2.ª. Para quem tinha dúvidas, o que se observou foi um Braga ofensivo, com iniciativa de jogo, obrigando o Nápoles a ser uma equipa tipicamente italiana, baixando o bloco e tentando ser cruel nas poucas oportunidades de chegar à baliza de Matheus. A partir dos 67 minutos, os treinadores tomaram opções. O Nápoles procurando maior estabilidade com a entrada de Raspadori e Elmas, enquanto o Braga arriscava mais no ataque com a entrada de Salazar, e 10’ depois com Banza, tendo mais jogadores na área do adversário. Tais decisões tiveram sucesso com o golo de Bruma aos 84’. Alterou de imediato o Braga, com a entrada de Marín e Pizzi, na intenção de um melhor controlo da partida. Mas o jogo voltou ao início e os últimos minutos foram de vertigem, mas também de deceção. Os deuses do futebol jogaram entre linhas e o autogolo surge de um cruzamento que poderia ter outro desfecho, enquanto, na baliza contrária, Pizzi ao rematar viu a baliza encolher e acertar na trave. Os resultados são sempre justos e são esses que ficam para a história. Mas também fica na história que o SC Braga merecia mais e será, com certeza, uma equipa a ter em conta neste grupo C da Liga dos Campeões.