O 'mister' de A BOLA do Benfica-Salzburgo: Tempestade perfeita
Álvaro Magalhães, antigo jogador do Benfica, foto Facebook/Álvaro Magalhães

O 'mister' de A BOLA do Benfica-Salzburgo: Tempestade perfeita

INTERNACIONAL21.09.202319:11

Salzburgo surpreendeu o Benfica no início do jogo e aí tudo ficou decidido.

1. 15' frenéticos

O Benfica encarou o Salzburgo com o sistema tático de sempre, o 4x2x3x1, mas cedo se vislumbraram erros claros nas águias e uma total inadaptação à forma de jogar do adversário, organizado num 4x4x2 losango difícil de decifrar para o campeão nacional português. Os austríacos, praticamente na primeira jogada, beneficiaram de um erro de Trubin, que acertou na cabeça de um jogador do Salzburgo quando tentava socar a bola, exemplo flagrante de uma noite para esquecer na estreia na Luz logo num duelo de tanta importância como são todos os da Liga dos Campeões. O castigo máximo não foi concretizado, certo é que, naqueles 15 minutos frenéticos, os visitantes encheram o campo como se estivessem a jogar em casa. Uma equipa intensa, pressionante, agressiva, um exemplo de como atuar com mobilidade para confundir os opositores.

2. Tantos erros

Aquilo que se esperava do Benfica via-se, isso sim, nos forasteiros. Ainda com o nulo a pairar no marcador, João Mário acertou no poste, uma grande oportunidade que poderia ter permitido ao Benfica esfriar o ânimo do Salzburgo. Talvez se tenha pensado nesse instante que o cariz do jogo se iria alterar, logo a seguir, no entanto, constatou-se que os encarnados estavam destinados a sofrer. Uma sequência de erros coletivos e individuais terminou com António Silva a tocar com a mão na bola na pequena área, penálti que serviu para colorir o marcador, já o central, expulso nesse lance, estava fora de campo. Na Luz assistia-se a uma tempestade perfeita!

3. As opções de Roger Schmidt

Com menos um jogador e a perder 0-1, o Benfica não se intimidou e criou várias oportunidades, valendo ao Salzburgo o seu guarda-redes. Para reorganizar a equipa, após a expulsão de António Silva, Roger Schmidt prescindiu de João Mário para ordenar a entrada de Morato. Ninguém melhor que o treinador alemão conhece o plantel do Benfica, agora é fácil opinar, mas talvez tivesse surtido mais efeito retirar Musa — até poderia ter marcado e foi sempre muito voluntarioso na hora de defender — e colocar Rafa no centro do ataque. A velocidade dele poderia confundir os centrais, nada habituados a um avançado com aquele perfil. Na segunda parte, o Benfica continuou a criar perigo, que, diga-se, surgiu junto de ambas as balizas, pois as águias, muito balanceadas para a frente, abriam espaços atrás. A velha questão da manta curta… Em mais um conjunto de erros individuais e coletivos, o Salzburgo marcou pela segunda vez e aí tudo ficou decidido.

4. João Neves é um monstro

Gostaria de deixar um destaque individual, no caso para João Neves, um monstro no meio-campo. Se alguém tinha dúvidas sobre o valor dele, ontem teve mais uma prova de que o Benfica atual é ele e mais 10 — impressionante a maturidade que revela como se fosse um jogador com anos e anos de experiência. Que continue a revelar a mesma humildade e vontade de aprender. Nota final para o brio dos jogadores do Benfica, sempre prontos para lutar apesar do resultado. Os adeptos aplaudiram no final, não obstante o desaire, e isso significa que gostaram da atitude.