Quem esteja com alguma atenção ao fenómeno tem clara noção de que o crescimento do futebol feminino em Portugal é uma realidade que está à vista desarmada - há os recordes de público nos estádios a serem batidos a ritmo cada vez mais acelerado; há ainda as duas presenças da Seleção em fases finais de Europeus e também a inédita chegada a um Campeonato do Mundo. O que impressiona, porém, é a incrível velocidade desse crescimento, demonstrada pelos números da última década e, sobretudo, de anos mais recentes. Facto absolutamente notável é o da recente subida ao 9.º lugar do ranking de clubes da UEFA, numa ascensão relâmpago - era 23.º em 2021 - que deixa as equipas femininas num patamar muito próximo das masculinas - Portugal, recorde-se, caiu há dias para o 7.º posto, por troca com os Países Baixos, numa hierarquia na qual os big 5 (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França) há muito dominam os cinco lugares cimeiros. A esta ascensão dos clubes, que muito se deve às prestações do Benfica na Champions nas últimas três edições, com destaque para a chegada aos 16 avos de final há duas épocas, junta-se também a subida meteórica da Seleção feminina no ranking FIFA, da 40.ª posição à 21.ª em sete anos. O trabalho da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) no crescimento e promoção do futebol entre meninas e mulheres resultou ainda num aumento de 326% de jogadoras federadas na última década: de 4600 em 2013 para cerca de 15 mil atualmente. Esta é uma evolução que se tornou mais notória quando a FPF decidiu apostar forte num campeonato feminino competitivo a partir de 2016, primeiro com a entrada de Sporting e SC Braga na prova e, logo depois, com a chegada de Benfica. A dimensão que a Liga ganhou tornou possível o regresso das principais estrelas portuguesas, que há seis/sete anos optavam pelo estrangeiro, casos , entre outras de Ana Borges (que passou por Atlético Madrid e Chelsea), Carole Costa (Essen e Duisburgo), Dolores Silva (Atlético Madrid), Andreia Norton (Barcelona) ou Jéssica Silva (Lyon).
