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E O TREINADOR SOU EU? O FC Porto-Benfica não é um jogo qualquer

NACIONAL06.04.202509:25

Alexandre Costa, comentador d'A BOLA DA TV, escreve a sua antevisão tática do clássico

Todos sabemos que o FC Porto-Benfica não é só um jogo. É um mergulho fundo numa rivalidade histórica entre os dois clubes de futebol mais titulados do país, entre as duas maiores cidades do país. Cada jogador veste a pele de um antagonismo social, cultural e histórico seculares.

Esse é, aliás, o motivo pelo qual esta pode ser uma óptima oportunidade para Martín Anselmi preparar a próxima época com um maior capital de confiança dos adeptos.

O processo parece estar a consolidar-se e o presidente já disse que este é o jogo mais importante da época. A luta pelo 2º lugar importa, bem como consolidar o 3º, mas não sejamos ingénuos: há um ano, um FC Porto moribundo e afastado do título atropelou o Benfica no Dragão por 5-0. Não é só a tabela que está em causa.

Bruno Lage chega a este jogo na melhor fase da época: a equipa cresceu nos microciclos limpos de Champions a meio da semana. O jogo frente ao Farense ficou aquém do esperado, mas a partir do 2-0 a cabeça dos encarnados já estava a caminho da Invicta. A ausência de Florentino e Tomás Araújo fizeram-se sentir – na transição defensiva e na ausência de um pé direito no flanco, respectivamente - , mas ambos deverão regressar à titularidade, para os lugares de Dahl e Sanches.

Parece provável que Bruma também entre para o lugar de Akturkoglu, mas tenho mais algumas dúvidas. Caso o Benfica queira defender com uma linha de 5, como tem acontecido em jogos de maior dificuldade, não parece crível que Bruma faça esse papel, muito menos Di María. Akturkoglu e Dahl já o fizeram e poderão voltar a fazer a dado momento do jogo. Quando o FC Porto tem bola, Eustáquio como central do meio poderá saltar uma casa táctica, deixando a ameaça da tríade criativa Pêpe, Vieira e Mora à solta entrelinhas. Contudo, o discurso de Lage perspectiva uma equipa de olhos postos na baliza adversária, e a verticalidade de Bruma poderá fazer mossa.

Bruno Lage montou o onze frente ao Farense já a pensar no Dragão, mas os dois golos e a assistência do turco poderão fazer o técnico repensar a opção. Todos os outros deverão manter a titularidade.

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Ambos os treinadores gostam de criar variantes estratégicas, e Bruno Lage tem apresentado diferentes nuances nos jogos grandes. Desde que chegou, aliás, vemos um Benfica em mutação: ora constrói a 3, ora constrói a 4; ora defende com uma linha de 5, ora defende com uma linha de 4. A cabeça do treinador ganha asas no talento e profundidade do plantel. Se o Benfica se apresentar com o onze que perspectivei, sobram Dahl, Amdouni, Belotti, Cabral, Schjelderup, Barreiro, Sanches... e todos eles trazem coisas diferentes em troca direta.

Esta é, aliás, uma diferença decisiva para o FC Porto, amputado de tanto talento e profundidade. Poderá ser decisivo à medida que o jogo avança.

O crescimento do Benfica deve-se muito a uma maior capacidade de acelerar a circulação e de jogar nos três corredores, e isso far-se-á mantendo as rotinas da construção a três. Carreras e Kokçu poder-se-ão juntar aos centrais neste papel, projetando Tomás Araújo para que Di María possa estar por dentro.

Florentino será decisivo nos equilíbrios e Aursnes deverá manter-se mais perto da área adversária, para vir à largura ou atacar os espaços deixados pelo apoio de Pavlidis.

Esta poderá ser, aliás, uma zona chave do jogo: se jogar Eustáquio, como tudo indica, como lidará com os duelos com Pavlidis, tão associativo e de ligação?

Por outro lado, terão de ser muitas vezes os centrais da largura (Pérez e Marcano) a defender Bruma (ou Akturkoglu) e Di María. Qual será a capacidade e mobilidade destes jogadores para sair da posição e defender entrelinhas e/ou os corredores? João Mário e Moura são laterais de projeção e deixarão espaços.

Paulo Robles e Alexandre Costa fazem a antevisão do FC Porto-Benfica, da Jornada 28 no 'E o Treinador Sou Eu?' desta semana.
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Teremos um FC Porto mais baixo, na expectativa de ferir o adversário na transição, procurando defender o jogo posicional do Benfica com linhas juntas?

O Benfica deverá querer pressionar alto no arranque do jogo, até porque tem sido muito capaz nesse momento, condicionando o adversário e conseguindo recuperações altas. O FC Porto cresce em construção com Eustáquio, mas a memória das dificuldades na saída de bola é ainda fresca, e o Benfica poderá pressionar num encaixe direto 3x3, talvez ainda destacando Aursnes. Também condicionar a saída de bola do FC Porto para o corredor direito poderá ser uma solução, tentando retirar a bola da dupla Moura – Mora, em destaque pela esquerda.

Este é um jogo que passará, claro, pela componente identitária das equipas, que conhecemos dos jogos anteriores. Contudo, o lado emocional e o estratégico terão um peso decisivo. São dois treinadores inventivos e que poderão surpreender na abordagem mas, principalmente, é um clássico. Não se joga um FC Porto-Benfica como se joga outro jogo qualquer.