Faz hoje dois anos que o então presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, foi detido, tal como o filho, Tiago Vieira, e ainda o empresário José António dos Santos, conhecido como o rei dos frangos, bem como Bruno Macedo, agente que intermediara o regresso de Jorge Jesus à Luz, consumado nesse verão de 2021. Foi o princípio do fim da era-Luís Filipe Vieira no estádio da Luz e o início da era-Rui Costa, que dois dias depois, a nove de julho, assumia a liderança do Benfica na sequência da detenção de Vieira e, por inerência, também a liderança da SAD, tal como foi então comunicado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários. A 7 de julho, o futebol português em geral e o Benfica em particular eram abalados pela notícia da detenção do homem-forte do Benfica ao longo de mais de década e meia. Em causa estava investigação do Ministério Público que procurava descortinar «negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades» sob investigação. Após quase 18 anos como principal figura da liderança do Benfica, Vieira, então com 72 anos, pediu renúncia a todos os cargos, cumpriu período de prisão domiciliária e foi sujeito a caução milionária de três milhões de euros. O Benfica virou, então, a página de um dos mais longos capítulos do seu historial. Apontado como um dos principais responsáveis por o Benfica ter dado o salto para o século XXI e para uma profissionalização que se tornou exemplo cá dentro e lá por fora, Vieira deixava a Luz pela porta pequena, a fazer manchetes pelos piores motivos e arrastando o nome do Benfica para a lama, já depois dos muitos e sucessivos processos que tinham envolvido o clube durante a sua presidência. Dois anos volvidos, o Benfica recuperou aparentemente a sua paz social. A época que terminou colocou ponto final num jejum de títulos três anos que incomodou os benfiquistas, que no período anterior a esse se tinham habituado a ganhar muito e como há muito não se via, e Rui Costa, que depois seria sufragado em eleições, assumindo a presidência dos encarnados legitimado pela vontade da maioria dos benfiquistas, como que cumpriu o que parecia ser o seu destino. Foi de apanha-bolas a presidente, ouviu as críticas que eram feitas a Vieira e como que se transformou no que Vieira nunca conseguiu ser: um presidente próximo de todas as áreas do clube, presente nas modalidades, ciente de que o Benfica dos sócios e dos títulos é mais importante que o Benfica dos negócios e dos rankings financeiros.