«No Estoril, há união entre clube e SAD»
Rui Paulo Costa, presidente do GD Estoril-Praia (foto: GD Estoril-Praia)

ENTREVISTA A BOLA «No Estoril, há união entre clube e SAD»

NACIONAL20.03.202509:30

Rui Paulo Costa, presidente do emblema canarinho, sublinha a diferença para tantos casos que correram mal em Portugal. Ao fim de quase um ano de mandato, líder estorilista faz um balanço em A BOLA 

Num país onde já vários foram os casos de relações tumultuosas entre clubes e SAD, o Estoril protagoniza exemplo de coexistência saudável entre a Estoril SAD, que abrange as equipas profissional e de sub-23, e o Grupo Desportivo Estoril Praia, que se ocupa das modalidades, da equipa sénior feminina e de todo o futebol de formação (masculino e feminino). E, assegura Rui Paulo Costa, líder do clube, o entendimento é absoluto.  

«O Estoril Praia é um clube uno. Os resultados estão a aparecer, estão a surgir e surgirão mais, certamente. Felizmente, temos tido essa ponte com a SAD e a própria SAD também está em consonância com a nossa visão. E, portanto, é por aí que estamos a caminhar», realça, a A BOLA, o presidente do clube da Linha de Cascais, que defendeu a independência institucional relativamente à SAD, assumiu, porém, que a sua equipa sénior, que disputa a 1.ª Divisão da AF Lisboa, «é construída para chegar à vertente profissional».

Rui Paulo Costa, presidente do GD Estoril-Praia, faz balanço do primeiro ano na liderança (foto GD Estoril-Praia)

Rui Paulo Costa recusa a ideia de que a equipa sénior do seu Estoril possa ser uma equipa C para a Estoril SAD, mas considera que apontar os seus jogadores a uma continuidade na estrutura profissional é uma estratégia.  

«Fizemos uma reestruturação no futebol de formação e, neste caso, na equipa sénior B. Baixámos o nível etário: os jogadores, aqui, tinham um nível etário superior a sub-23, já tínhamos alguns de 27, 28, 30 anos e baixámos essa idade. Isto com o objetivo de o jogador, ao passar dos sub-19 para sénior, ter ainda a oportunidade de poder chegar aos sub-23», explica o presidente estorilista.

Rui Paulo Costa defende que o clube «pode e deve ser visto como um importante patamar para valores de futuro» para a administração profissional, lembrando os nomes dos defesas centrais Yanis Boisseau, que iniciou a época nos juniores do clube e seguiu para os sub-23 da SAD, ou António Vital, que já fez percurso inverso, e acrescentou exemplos práticos.  

 «Vamos imaginar que o jogador teve uma lesão, ou um ano menos bom, a época não correu muito bem, mas tem potencial e capacidade e, portanto, esta equipa sénior ainda pode ser uma equipa de hipótese, de oportunidade para se chegar, depois, aos sub-23. Isto foi articulado e pensado por nós e depois também pela própria SAD, que esteve envolvida neste processo», garantiu, apostado em manter as ligações com a administração profissional o mais estreitas possível.

Melhorias na bancada do centro de treinos foram prioridade

Próximo de cumprir um ano de mandato na liderança do clube, Rui Pedro Costa mostra-se orgulhoso pela obra já feita, dando ênfase aos melhoramentos no campo principal do Centro de Treinos e Formação Desportiva, situado paredes meias com o Estádio António Coimbra da Mota, continuados com a substituição das cadeiras do complexo e a pintura da bancada.  

«A melhoria da nossa bancada foi extremamente importante, são pontos que damos aos nossos adeptos, aos nossos sócios, porque não há clube sem sócios e os sócios são o mais importante do clube. Portanto, são aqueles que têm de vir e temos de saber acomodá-los, têm de sentir-se em casa, sentir-se bem e, portanto, foi nesse sentido que o fizemos», explicou.  

«Nesta reestruturação que estamos a fazer (que a nossa direção está a fazer e à qual eu agradeço muito, aos meus colegas de direção, que têm sido incansáveis no empenho que têm demonstrado neste período), não apontámos a grandes intervenções, mas às necessárias neste momento, e que culminarão em julho com a substituição do piso sintético», anunciou, visivelmente satisfeito.

Captação de sócios e «pequenas/grandes obras»

Não reside só nas infraestruturas a prioridade de Rui Paulo Costa, que anunciou outras medidas de investimento implementadas no dia-a-dia de quem frequenta as instalações do clube, mais concretamente os atletas dos escalões de formação masculinos e femininos.   

«Posso dar como exemplo a substituição dos painéis fotovoltaicos, o aquecimento das águas para os banhos, que fizemos logo no início do mandato… São pequenas/grandes obras que estão a ser realizadas e que vêm melhorar a qualidade de vida dos atletas e de quem cá trabalha», argumentou o líder estorilista.  

Um outro ponto de progresso trazido pelo presidente do Estoril foi a criação de um site partilhado por SAD e clube e o seu aproveitamento para a captação e inscrição de sócios e o pagamento de quotas, ambas online também. «É, de facto, uma revolução», considera.

Ana Borges e Sara Brasil, capitãs de Sporting e Estoril, cumprimentam-se antes do jogo entre as duas equipas pela Liga feminina. (Foto: GD Estoril Praia)

«Equipa feminina é para ficar na Liga BPI» 

Um dos atuais baluartes do Estoril passa pela equipa feminina, que disputa a Liga principal com um objetivo bem definido pelo diretor desportivo e que Rui Paulo Costa reitera.  

«Objetivo? Garantir a manutenção! E, ao garanti-la, estamos a trabalhar num futuro em que o Estoril se manterá na Liga BPI a longo prazo. Portanto, com a redução para dez equipas estamos a contar que sejamos uma delas, independentemente de termos uma equipa jovem. Mas ambiciosa», atira.  

«Por vezes os resultados não se traduzem em boas exibições, mas o Estoril está a crescer e vamos apresentar-nos mais fortes na segunda volta», prometeu, apresentando como argumento o próprio nome do clube e a sua tradição também no futebol feminino, com diversas participações no principal escalão e, também, na Taça de Portugal, com a projeção de vários valores do panorama nacional como as internacionais Catarina Amado (Benfica) e Beatriz Fonseca (Sporting).