Paolo Maldini, que deixou em junho o cargo de diretor técnico do Milan, falou de vários aspetos da sua passagem pelo clube como diretor, nomeadamente a relação conflituosa que começou a ter com a direção, liderada pelo CEO da RedBird, principal acionista do clube, Gerry Cardinale. «O desejo de Cardinale era ganhar a Liga dos Campeões. Expliquei que era necessário um plano a três anos. De outubro a fevereiro, preparei-o com o Ricky Massara [diretor desportivo] e um consultor meu amigo: 35 páginas de estratégia sustentável e de necessidade de um salto de qualidade. Não recebi resposta. Num ano com ele, apenas um chat, mais 4 mensagens dele. Ele disse que tínhamos que confiar um no outro. Eu confiei: sabe-se como foi», refere em entrevista ao jornal La Repubblica. «De 35 aquisições, contestaram a do De Ketelaere, que tinha 21 anos. Quando selecionamos rapazes dessa idade, a percentagem de insucesso é maior. É preciso esperar por eles, ajudá-los, alimentá-los, corrigi-los. Ao fim de três meses de trabalho, Boban, Massara e eu fomos chamados a Londres pelo proprietário e pelo diretor-geral e fomos praticamente desautorizados: não gostavam de Rafael Leão, Bennacer e Theo Hernández. Mas é necessário um caminho e lembro-me sempre do ponto de partida», atirou também, referindo não perceber porque foi despedido: «Cardinale comunicou-me que Massara e eu estávamos demitidos. Perguntei porquê e ele falou num mau relacionamento com o diretor Furlani. Nunca me queixei dele. Também houve uma piada sobre a meia-final da Champions que perdemos com o Inter, mas as justificações pareceram-me fracas. Acho que já o tinha decidido há meses.» Maldini diz também que não desejava a saída de Sandro Tonali para o Newcastle: «Fizemos o possível para não o deixar sair. Nunca fomos totalmente contra uma grande venda, mas não havia necessidade. Tivemos de discutir acaloradamente com o CEO e os proprietários, nem a área de scouting queria isso.»