Mesmo ferida, a pantera já corre… e respira (crónica)
Boavista regressou às vitórias em Barcelos, depois de nove jogos sem ganhar (MANUEL FERNANDO ARAÚJO/Lusa)

GIL VICENTE-BOAVISTA, 1-2 Mesmo ferida, a pantera já corre… e respira (crónica)

NACIONAL02.11.202423:38

Quase três meses depois, o Boavista volta a ganhar. Triunfo na garra de uma equipa muito limitada em termos de opções, mas com entrega exemplar. Faltou frieza ao Gil Vicente para ferir o adversário

Longe vai o calor do início de agosto. Mas mais do que a descida da temperatura, a passagem dos meses, a mudança de estação – e até da hora -, aquilo que mais doía no corpo de uma pantera cheia de mazelas era a ausência de vitórias. Mas já não dói. Ao fim de 84 dias, desde o longínquo 10 de agosto e da jornada inaugural, a equipa de Cristiano Bacci voltou a celebrar um triunfo. Barcelos, depois de Rio Maior - a casa emprestada do Casa Pia -, foi o habitat que deu o conforto que o Boavista procurava.

Não foi fácil. Como não se previa que fosse. Diante de um Gil Vicente um pouco mais tranquilo na classificação, mas que também procurava responder a um desaire, a pantera teve de ser paciente. Precisou de aguentar os primeiros ataques aplicados pelo adversário e manter-se de pé, mesmo com uma equipa cheia de remendos e sem muito mais por onde remendar. E depois, como bom felino, aproveitou para contra-atacar de forma decisiva.

Depois de 45 minutos que se arrastaram, lentos e desinteressantes, com ligeira superioridade do Gil Vicente nas oportunidades criadas, na 1.ª parte, o segundo tempo abriu praticamente com o golo boavisteiro. Um golo de insistência, pois claro!

Após canto batido da esquerda, a defesa gilista afastou a bola para a entrada da área e ela caiu no pior sítio onde podia ir parar: o pé esquerdo de Filipe Ferreira. O lateral que jogou adaptado a central vestiu a pele de bombardeiro, obrigou Andrew a defender em esforço para a trave, e depois Vukotic aproveitou as sobras para, tranquilamente, empurrar para golo. Era mais um golo marcado na sequência de uma bola, tal como os outros cinco que a equipa de Bacci tinha até ao momento.

Mas até esse jejum ia terminar. E não foi preciso esperar quase nada. Afinal, o que são três minutinhos depois de uma espera de mais de 800? Um instante após o golo inaugural, após uma recuperação de bola à entrada do meio-campo, Reisinho rasgou a defesa do Gil Vicente ao meio, Joel Silva foi rápido a ganhar o espaço entre os centrais, teve alguma sorte no ressalto após a tentativa de corte de Buatu, contornou Andrew e aumentou a vantagem, mostrando que a pantera também já sabe correr. Não fere apenas em bolas paradas.

Bruno Pinheiro foi buscar a (força de) reação ao banco, Tidjany trouxe irreverência, Cauê devolveu a esperança ao reduzir aos 72m, mas a pantera agarrou-se com todas as forças que ainda lhe restavam aos três pontos. Mesmo esgotados, os jogadores não desistiram de uma bola enquanto o árbitro não apitou para o final e por isso mereceram festejar. E respirar de alívio.