AF Algarve Maxaquene vence jogo da vida mas não evita cair no abismo
Era, inequivocamente, o jogo da vida do Maxaquene. Sem quaisquer reservas, era mesmo obrigado a ganhar. E, como se não bastasse, dependia de terceiros para confirmar a sua desejada manutenção no Campeonato Moçambicano de Futebol da 1ª Divisão. De resto, cumpriu o que se lhe impunha: derrotar (1-0) o Ferroviário de Maputo, só que terá sido o triunfo mais amargo dos tricolores, pois, mesmo assim, não conseguiram evitar cair no abismo.
Maxaquene na 2ª Divisão?! Incrédulos, adeptos de distintos clubes se perguntavam, este domingo, no campo do Afrin, sobre o inacreditável destino de um dos históricos do futebol moçambicano. Porém, a verdade, nua e crua, era precisamente essa: o Maxaquene, com um historial de cinco títulos, despedia-se, penosamente, do convívio dos grandes.
No final do seu jogo da vida, cuja vitória não significou rigorosamente nada, assistiu-se a um cenário invulgar: adeptos de outros clubes – viam-se do Ferroviário, do Costa do Sol e mesmo do vizinho e rival Desportivo – também eles embasbacados, consolando e solidarizando-se com os tricolores, jogadores, equipa técnica, sócios e simpatizantes, marejados de lágrimas.
Era, afinal, o pior desenlace da história do clube no Moçambola. Um desenlace influenciado, fundamentalmente, por aquilo que aconteceu em outros dois campos: no da Liga Desportiva de Maputo, na Matola, e no Estádio 25 de Junho, em Nampula.
Num jogo épico e com um resultado que mais se assemelha a um desempate através de pontapés da marca de grande penalidade, Liga Desportiva derrotou Desportivo de Maputo por 5-4. Foi um festival de golos que caíam como as cerejas, com os donos da casa a serem premiados pela sua perseverança e crença na manutenção, pois chegaram a perder por duas bolas sem resposta.
Na capital nortenha, e na recepção ao novo campeão Costa do Sol, do português Horácio Gonçalves, o Ferroviário de Nampula venceu por 2-1. O seu técnico, Akil Marcelino, que foi chamado como bombeiro, após o afastamento de Antero Cambaco, ganhou a aposta da manutenção, neste desafio que lhe foi incumbido num ano lusco-fusco dos locomotivas nampulenses.
Para além do Maxaquene, que se juntou ao Baía de Pemba e ao Têxtil do Púnguè, já há muito despromovidos, também caem para a “Segundona” Desportivo de Nacala e Clube do Chibuto.
A turma da pedreira da Bela Vista foi “tramada” pelo Têxtil do Púnguè, com um desolador empate (1-1), no Chiveve, enquanto o Clube do Chibuto, a jogar em casa, bateu a União Desportiva do Songo por uma bola sem resposta, no entanto, insuficiente para os seus propósitos de continuar no Moçambola.
A ENH de Vilankulo ganhou e conseguiu uma subida meteórica na tabela classificativa. O conjunto da capital turística de Inhambane derrotou, no Estádio Municipal de Pemba, o Baía por 2-1 e saiu da nona posição para o quinto lugar final, em igualdade pontual com o Ferroviário de Nacala, que recebeu e venceu o seu homónimo da Beira por 1-0. Já Textáfrica do Chimoio e Incomáti de Xinavane, que tinham a manutenção garantida, empataram 1-1, na Soalpo.
Resultados da 30ª jornada:
Ferroviário de Nampula-Costa do Sol 2-1
Clube do Chibuto-UD Songo 1-0
Maxaquene-Ferroviário de Maputo 1-0
Ferroviário de Nacala-Ferroviário da Beira 1-0
Textáfrica do Chimoio-Incomáti de Xinavane 1-1
Liga Desportiva-Desportivo de Maputo 5-4
Baía de Pemba-ENH de Vilankulo 1-2
Têxtil do Púnguè-Desportivo de Nacala 1-1
Classificação final:
1º Costa do Sol 66 pontos
2º UD Songo 60
3º Ferroviário de Maputo 48
4º Ferroviário da Beira 45
5º ENH de Vilankulo 41
6º Ferroviário de Nacala 41
7º Desportivo de Maputo 40
8º Incomáti de Xinavane 40
9º Textáfrica do Chimoio 40
10º Liga Desportiva de Maputo 40
11º Ferroviário de Nampula 39
12º Maxaquene 37
13º Desportivo de Nacala 37
14º Clube do Chibuto 37
15º Baía de Pemba 25
16º Têxtil do Púnguè 22
Campeão: Costa do Sol
Vice-campeão: União Desportiva do Songo
Despromovidos: Maxaquene, Desportivo de Nacala, Clube do Chibuto, Baía de Pemba e Têxtil do Púnguè