«Nada é impossível e vamos lutar até à exaustão» é desta forma que Marcos Antunes, treinador português que orienta a seleção Angolana de futsal, encara o histórico jogo da final do Campeonato Africano das Nações (CAN), onde os palancas negras vão enfrentar a poderosa seleção marroquina, a segunda maior vencedora da prova e anfitriã do torneio. Em declarações a A BOLA, o treinador português falou do jogo da final do CAN, que se realiza no domingo, a histórica vitória frente à poderosa seleção do Egito e das ambições para o Mundial de futsal 2024, no qual Angola já tem lugar garantido. Angola enfrenta a seleção marroquina pela segunda vez no CAN. O resultado do primeiro jogo entre ambos, na fase de grupos, não foi favorável. Angola perdeu por 5-2. Como é que se gere o psicológico e a confiança dos jogadores para fazê-los acreditar que, desta vez, o resultado vai ser diferente? - Posso dar o exemplo do jogo com o Egito. Nas últimas edições do CAN, Angola perdeu sempre por resultados pesados contra o Egito. [desta vez, Angola venceu] Marrocos [o adversário da final] é top 8 mundial. Fizemos um excelente jogo quando jogámos contra eles. Sofremos três golos em três erros nossos. No final desse jogo, o capitão de Marrocos veio ter comigo e disse: 'conheço bem o futsal africano e vocês vão jogar a final connosco'. Se queremos aprender temos de jogar com os melhores, independentemente de darmos ou levarmos cabeçadas. Desde o primeiro jogo, tanto Angola como Marrocos já fizeram 3 partidas e passaram-se cerca de 10 dias. Nesse tempo houve alguma mudança significativa nas duas seleções? - Sim, Marrocos tem uma forma de jogar muito tradicional. Nós temos uma equipa mais experiente e mais preparada para corrigir alguns erros que cometemos no primeiro jogo. Fomos crescendo à medida que íamos fazendo os jogos. O objetivo é, pelo menos, tentar manter esta linha de trabalho. Para chegar à final do CAN, Angola goleou o Egito que é o maior vencedor do torneio. Isso dá motivação extra aos jogadores ou essa partida já é passado? - Claro que dá! Dá-nos mais bagagem, mais experiência. Não nos dá é indicação nenhuma para a final, que será um jogo diferente. A média de idades da nossa equipa ronda dos 23 anos e o que eu mais quero é que estes miúdos desfrutem da final. Nós já fizemos o que tínhamos de fazer, mas não vamos jogar a final para cumprir calendário. O objetivo principal é jogar olhos nos olhos com Marrocos. Sabemos que vamos sofrer porque eles jogam em casa, num pavilhão que leva 9 mil pessoas, até o hino mete medo... No primeiro jogo contra eles, eu que tenho alguma experiência, só me queria esconder debaixo do banco. Aquilo é assustador, mas Marrocos gosta muito de nós. A final vai ser uma festa porque os marroquinos identificaram-se muito connosco. É a primeira vez que Angola está na final de um grande torneio internacional. Isso, por si só, já é motivo de festa ou só há festa quando tiver a taça na mão? - Festas para perder não gosto muito... Vamos ser competitivos, mas sabemos que temos uma missão difícil. Não fico satisfeito por perder, como é óbvio, mas vamos viver um momento histórico! Angola está parada para ver este jogo! A medalha de prata está garantida, a festa também, isto vai mudar a vida dos jogadores. Isso deixa-me muito satisfeito, mas vamos competir porque é uma final. Nada é impossível e vamos lutar até à exaustão. No jogo contra o Egito, Angola conseguiu também o apuramento para o Mundial 2024, no Usbequistão. No último Mundial em que Angola participou, em 2021, ficou em último lugar do grupo E com 0 pontos. O treinador ainda não era Marcos Antunes. Até onde é que a seleção angolana pode ir desta vez? Há algum objetivo definido? - Tive o prazer de estar na seleção angolana no Mundial 2021, com a função de team management. Acompanhei de perto esse processo e deixámos uma excelente imagem. Calhámos num grupo muito forte [Japão, Paraguai e Espanha]. Este ano, o primeiro objetivo é obter uma vitória. Talvez passar a fase de grupos seja a nossa ambição gigantesca. Queremos fazer algo que, hoje, é possível porque Angola acordou para o futsal. Queremos começar uma nova história com esta equipa extraordinária.